Goiânia – A mulher que auxiliou a jovem de 16 anos mantida em cárcere privado por um trisal na capital de Goiás relatou que a adolescente foi encontrada em estado de grande fragilidade. Albanita Aires Marques Vilas Boas localizou a jovem em um ponto de ônibus perto da pecuária local na última sexta-feira (21/11).
Segundo Albanita, ela retornava de uma viagem e esperava um carro de aplicativo quando a adolescente a abordou pedindo ajuda. A jovem solicitou para fazer uma ligação e revelou que havia fugido de casa para escapar das agressões que sofria. A testemunha destacou que a garota mostrava sinais evidentes de desnutrição e descuido pessoal, aparentando não ter tomado banho há dias.
A menor era submetida a castigos severos, como ficar dias sem alimentação e higiene adequada, além de dormir em um local inadequado na residência. O trisal, formado pela mãe da adolescente, o padrasto e outra mulher, também cuidava de uma criança de 8 anos que, segundo relatos, também era vítima de maus-tratos.
Ajuda à adolescente
Albanita conseguiu entrar em contato com o pai da jovem, que residia na região do Entorno do Distrito Federal. Durante a conversa, a adolescente chorou e pediu para que ele não informasse a mãe sobre sua fuga, por medo de ser trazida de volta ao local onde sofria abusos. A partir daí, a jovem foi acolhida por Albanita.
A adolescente explicou que as agressões vinham da mãe e do padrasto, ocorrendo a todo momento que ela cometia algum erro nas tarefas de casa ou no trabalho. Punida por pequenas falhas, como dobrar roupas de maneira diferente ou demorar para cumprir uma ordem, a menina era submetida a espancamentos, queimaduras e privação de alimentação e higiene.
Temendo represálias, Albanita levou a jovem primeiramente ao Hospital Goiana Leste para mantê-la segura em um ambiente público, e posteriormente para o apartamento da mãe, onde a jovem pôde se alimentar e aguardar até a chegada do pai, por volta das 14h.
Prisão do trisal
O trisal foi detido na mesma sexta-feira (21/11). Conforme informações da Polícia Militar de Goiás, através do Comando de Policiamento Rodoviário, Tático Operacional Rodoviário e do Conselho Tutelar, a adolescente, que morava anteriormente no Novo Gama, região próxima ao Distrito Federal, sofria tortura e agressões contínuas. Um celular apreendido continha vídeos das menores, nuas.
A jovem foi encaminhada ao hospital da mulher para exames, incluindo avaliação no Instituto Médico Legal para investigar lesões e possível violência sexual. Após receber assistência do Conselho Tutelar, ela permanece sob a guarda do pai, que relatou dificuldades em manter contato com a filha devido à ex-mulher, que mudou-se para Goiânia após o divórcio e impedia a comunicação.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. A adolescente conseguiu uma medida protetiva contra a mãe, o padrasto e a outra mulher envolvidos. Os nomes dos acusados não foram divulgados.
