Goiânia – A Polícia Civil de Goiás (PCGO) finalizou a investigação sobre a morte de uma jovem de 20 anos ocorrida após uma tentativa de aborto ilegal em um motel na cidade de Ceres (GO). Conforme apurado, a jovem havia concordado com o procedimento abortivo.
Em coletiva realizada em 11 de agosto, o delegado Matheus Costa Melo informou que os dois suspeitos — um dentista e uma técnica de enfermagem, que são, respectivamente, o ex-namorado da vítima e a atual companheira dele — permanecem detidos após audiência de custódia. A técnica foi responsável por administrar a medicação abortiva na jovem. O fato ocorreu no dia 1º de agosto.
“Os acusados foram indiciados por aborto consentido e homicídio qualificado por dolo eventual. A Polícia Civil apurou que ambos, profissionais da saúde, assumiram o compromisso de causar a morte da vítima”, declarou o delegado.
Aborto consentido
De acordo com a PCGO, o suspeito e a vítima tiveram um relacionamento anterior, e a jovem estava grávida de aproximadamente dois meses.
Imagens das câmeras de segurança mostram a jovem entrando no veículo da técnica de enfermagem e do cirurgião-dentista, o trajeto até o motel onde o crime ocorreu e seu encaminhamento à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
O cirurgião-dentista relatou que a jovem o procurou informando a gravidez e buscando apoio, e que ele aceitou ajudar em qualquer decisão dela, inclusive, a realização do aborto, o que o levou a pesquisar sobre o tema.
Segundo a corporação, o medicamento utilizado foi manipulado de forma incorreta na vítima.
Medicação abortiva
O delegado relatou que, inicialmente, os investigados sofreram uma tentativa frustrada ao tentar adquirir uma medicação abortiva pela internet. Na segunda tentativa, o cirurgião-dentista mandou manipular outro remédio após sua pesquisa.
“Durante o procedimento, a técnica de enfermagem tentou administrar a medicação em uma veia do braço da jovem, que entupiu. Então, ela aplicou o medicamento em outra veia para finalizar o processo”, explicou Matheus Melo.
Foram encomendados 30 comprimidos da medicação. Após ouvir profissionais da saúde, concluiu-se que a forma correta de usar o medicamento seria por via oral e não intravenosa.
Cerca de dez minutos após a aplicação, a jovem começou a convulsionar e sofreu paragem respiratória. Ela foi levada à unidade inconsciente, com convulsões e sinais compatíveis com aborto clandestino. A morte foi confirmada no local.
Em comunicado, o motel expressou pesar pelo ocorrido e afirmou que não apoia práticas ilegais ou que atentem contra a vida e os direitos humanos.