JÚLIA MOURA
FOLHAPRESS
O banco Itaú calcula que entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões podem sair do Brasil no último trimestre deste ano devido a uma nova cobrança de imposto sobre dividendos. Esse valor é bem maior que a média histórica anual de saída, que é de US$ 15 bilhões no mesmo período.
Desde 1996, os dividendos que os investidores recebem não precisavam pagar Imposto de Renda, mas isso pode mudar com a reforma do IR que o presidente Lula deve sancionar em breve.
Segundo a proposta, lucros e dividendos gerados até 2025 não terão imposto se forem aprovados até o final deste ano e o pagamento ocorrer até 2028.
Como revelou a Folha de S.Paulo, as empresas brasileiras abertas na Bolsa têm hoje um total de US$ 45 bilhões em lucros que ainda não foram distribuídos aos seus acionistas. Esses valores precisarão ser pagos até 2028 para que os principais investidores não paguem um imposto mínimo adicional.
O levantamento da Abrasca, associação das empresas abertas, indica que cerca de 60% desse valor, ou seja, US$ 27 bilhões, pertencem a investidores estrangeiros.
A estimativa do Itaú baseia-se na saída de capital que ocorreu em 2021, quando a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta para taxar dividendos em 15%, embora essa proposta não tenha sido aprovada pelo Senado.
Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, explica que a aprovação temporária na Câmara já aumentou a saída de capital de 1,8% para 4% do passivo externo. Se essa situação se repetir, o banco espera a saída entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões no final do ano.
Esse aumento da saída de dólares pode enfraquecer o real e levar o Banco Central a intervir.
Mesquita alerta: “Esse fluxo maior de saída pressionará o real até o final do ano e torna o mercado menos favorável à moeda brasileira no curto prazo.”
O banco calcula que o dólar deve estar a R$ 5,35 ao fim de 2025 e a R$ 5,50 em 2026. Nesta terça-feira (25), o dólar comercial está sendo vendido a R$ 5,37.
