Milhares de pessoas voltaram às ruas na sexta-feira (3/10) na Itália para apoiar uma flotilha humanitária destinada a Gaza e para criticar a falta de ação do governo italiano em relação à situação nos territórios palestinos. O protesto foi organizado pelos principais sindicatos do país.
A convocação de uma greve geral, realizada sem aviso prévio e considerada teoricamente ilegal, resultou em bloqueios no transporte, porém foi mantido um serviço mínimo nos horários de pico. O governo alertou para o risco de até um milhão de italianos ficarem presos nos trens.
Dez dias após um movimento similar que teve grande participação popular, a mobilização em favor dos palestinos continua a sensibilizar a opinião pública.
Em Roma, milhares se reuniram em frente à estação central, causando grandes atrasos e cancelamentos nos trens programados para a manhã. Na quinta-feira, manifestantes revoltados com a interceptação da flotilha humanitária “Global Sumud” e a prisão de ativistas protestaram em Milão e Roma, onde cerca de 10.000 pessoas marcharam desde o Coliseu.
“Estamos nas ruas para expressar nossa insatisfação”, afirmou à AFPTV Giordano Fioramonti, um estudante de 19 anos que veio junto com sua turma e professores. “Queremos mostrar nossa revolta com o que acontece no mundo e com nosso governo, apoiar a flotilha e especialmente a Palestina e os moradores de Gaza, que enfrentam violência e massacres há muito tempo”, acrescentou o jovem, que exibia uma bandeira palestina e o rosto pintado com a frase “Gaza Livre”.
Na sexta-feira, a flotilha anunciou que seu último barco a caminho do território palestino foi interceptado.
Em todo o país, com tradição pacifista, milhares participaram de marchas e atos, desde Turim e Trento, no norte, até Bari e Palermo, no sul. Essas manifestações refletem a humanidade e a determinação de pessoas que desejam o fim das atrocidades que governos parecem ignorar ou até apoiar, destacou Maurizio Landini, secretário-geral da CGIL, principal sindicato italiano, em entrevista à Rádio Anch’io.
Em Milão, uma grande multidão aplaudiu e agitava a bandeira palestina, marchando com uma faixa onde se lia “Palestina Livre, parem a máquina de guerra”.
A empresa ferroviária nacional, Trenitalia, prevê que a greve continue até o final da sexta-feira. No porto de Livorno, o tráfego comercial foi interrompido, conforme noticiado pela imprensa.
Na quinta-feira (2), durante viagem a Copenhague, a chefe do governo, Giorgia Meloni, condenou a greve geral e classificou a ação da flotilha de Gaza como “irresponsável”.
A relutância da premiê ultraconservadora em criticar Israel e sua recusa em se distanciar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm causado descontentamento crescente na Itália.
Em 22 de setembro, dia anterior às manifestações recentes, dezenas de milhares participaram dos protestos em todo o país.
“Gostaria de falar diretamente à primeira-ministra e pedir que ela pare de agir como líder de facção e passe a governar para todos os italianos”, declarou Giuliano Ferrucci, pesquisador de 60 anos, durante o protesto em Roma.
