O governo de Israel se pronunciou nesta quarta-feira (17/9) sobre a proposta da Comissão Europeia de suspender parcialmente o Acordo de Associação com o país. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, declarou que Tel Aviv oferecerá uma resposta adequada caso as restrições sejam implementadas.
“Israel, com o apoio de seus aliados europeus, continuará a resistir às tentativas de prejudicá-lo em meio a um conflito que questiona seu direito de existir. Será dada uma resposta apropriada às medidas contra o país, e esperamos não precisar recorrer a ações retaliatórias”, comunicou Saar.
Mais cedo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a proposta de eliminar o acesso preferencial de Israel ao mercado europeu. O pacote inclui também sanções direcionadas a membros do Hamas, ministros israelenses considerados extremistas, e colonos violentos na Cisjordânia.
Pressão por cessar-fogo e sanções
Von der Leyen ressaltou a importância de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e a necessidade de acesso irrestrito para a ajuda humanitária. Segundo a Comissão, a postura de Israel infringe o artigo 2º do Acordo Euro-Mediterrâneo, que condiciona a parceria ao respeito pelos direitos humanos e princípios democráticos.
“O sofrimento em Gaza deve ser encerrado. Propomos suspender benefícios comerciais, sancionar extremistas e manter apoio apenas à sociedade civil e ao memorial do Holocausto Yad Vashem”, acrescentou a presidente da Comissão.
A medida requer aprovação unânime dos Estados-membros no Conselho da UE para entrar em vigor, e, se confirmada, será válida 30 dias após a notificação oficial a Israel.
Impacto econômico
A União Europeia é o principal parceiro comercial de Israel, representando 32% do total das trocas em 2024 — aproximadamente € 42,6 bilhões em mercadorias. A suspensão das preferências tarifárias pode atingir setores estratégicos, como máquinas, equipamentos de transporte e produtos químicos.
Além da perda de benefícios alfandegários, a UE pode cancelar financiamentos bilaterais de até € 20 milhões, mantendo apenas recursos para a sociedade civil e o memorial Yad Vashem.
Saar qualificou a iniciativa como “moral e politicamente distorcida” e expressou a esperança de que a União Europeia rejeite as recomendações, afirmando que “ações contra Israel prejudicarão os interesses da própria Europa”.