Após três meses, o governo de Israel decidiu alterar a liderança da embaixada do país no Brasil, enviando a encarregada de negócios Rasha Athamni para assumir o cargo. A diplomata, conforme fontes consultadas pelo Metrópoles, chegou a Brasília na última semana.
Em 7 de outubro, a nova responsável pela embaixada israelense no Brasil participou de um evento no Senado durante uma sessão especial em homenagem às vítimas do ataque do Hamas contra Israel.
Desde agosto, a representação israelense no Brasil estava sob o comando temporário do porta-voz Or Shaul Keren. Essa situação ocorreu após uma crise entre Brasília e Tel Aviv que se intensificou desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e resultou na retirada, por parte de Israel, do pedido de aprovação para o nome escolhido para assumir a embaixada: Gali Dagan. Ele deveria substituir o embaixador Daniel Zonshine.
Antes dessa decisão, a diplomacia israelense acusou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro de não dar andamento ao pedido desde o começo deste ano.
Após o anúncio de Israel, o assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, explicou a posição do Brasil. Segundo o diplomata, o país não aceitou o novo embaixador israelense porque o antigo representante brasileiro em Tel Aviv foi desrespeitado.
Celso Amorim referia-se à repreensão dada por Israel ao embaixador Frederico Meyer em fevereiro de 2022, após o presidente brasileiro comparar as ações israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto. Depois desse episódio, o Brasil chamou o diplomata de volta e o cargo ficou vago.
Mesmo com a chegada de Rasha Athamni ao Brasil, as relações diplomáticas entre Brasília e Tel Aviv continuam, na prática, enfraquecidas. Isso porque manter uma embaixada sem um embaixador é considerado, no meio diplomático, uma demonstração de insatisfação ou descontentamento por parte de um país em relação ao outro.