Palestinos acusam exército israelense de tentar expulsar pessoas da região para criar uma zona de proteção
Ataques militares israelenses mataram pelo menos 14 palestinos na Faixa de Gaza nesta terça-feira (3), a maioria deles na cidade de Beit Lahiya, extremo norte, relataram médicos.
Enquanto isso, o exército emitia novas ordens de desocupação para o sul do território.
Médicos informaram que oito pessoas foram mortas em uma série de ataques em Beit Lahiya, enquanto outras quatro morreram em outro lugar na cidade de Gaza.
Um ataque aéreo de Israel matou duas pessoas e feriu outras em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos de Gaza, no norte da região, comunicaram autoridades médicas.
Desde outubro, as Forças de Defesa de Israel (FDI) estão operando em Jabalia e também nas cidades de Beit Lahiya e Beit Hanoun.
As FDI mataram centenas de militantes nos três locais desde que a operação começou, declarou o exército.
O Hamas, grupo militante palestino que governa Gaza, e o braço armado da Jihad Islâmica, disseram que seus combatentes mataram vários soldados israelenses em emboscadas no mesmo período.
Os palestinos acusaram o exército de Israel de tentar expulsar pessoas da borda norte de Gaza com deslocamentos forçados e bombardeios, visando criar uma zona de proteção na área.
O exército nega e fala que retornou para lá a fim de impedir que os combatentes do Hamas se reagrupassem em uma região da qual ele os havia limpado anteriormente.
O Serviço de Emergência Civil Palestino contou que suas operações em Jabalia, Beit Lahiya e Beit Hanoun foram interrompidas por quase quatro semanas em decorrência dos ataques israelenses às suas equipes e à escassez de combustível.
Nesta terça-feira (3), comunicaram que 13 dos 27 veículos de emergência localizados no centro e no sul da Faixa de Gaza também estavam fora de operação devido à falta de combustível.
O órgão também relata que 88 membros do Serviço de Emergência Civil foram mortos, 304 feridos e 21 detidos por Israel desde o início da guerra.
Ordens de deslocamento
O exército de Israel emitiu ordens de deslocamento nesta terça-feira (3) para moradores dos distritos do norte de Khan Younis, cidade no sul da Faixa de Gaza, citando o disparo de foguetes por militantes dessas áreas.
As ordens provocaram o êxodo apressado de famílias, principalmente antes do amanhecer, em direção ao oeste.
“Para sua própria segurança, vocês devem sair da área imediatamente e ir para a zona humanitária”, escreveu o exército em uma declaração no X.
Autoridades palestinas e das Nações Unidas dizem não haver áreas seguras no território.
A maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foi deslocada internamente, muitos até 10 vezes desde que a guerra começou no ano passado.
Israel lançou sua campanha no território palestino densamente povoado depois que combatentes liderados pelo Hamas atacaram comunidades israelenses em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e capturando mais de 250 reféns, conforme contagens israelenses.
A campanha militar de Israel matou mais de 44.400 palestinos, ferindo muitos outros e transformando grande parte do território em escombros.
Entenda os conflitos no Oriente Médio
No final de novembro, foi aprovado um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Isso acontece após meses de bombardeios do Exército israelense no Líbano.
A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra. Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês.
Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel.
A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.
Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.
Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.
Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.
Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.