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quinta-feira, 21/08/2025

Israel começa manobras para tomar a cidade de Gaza

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A cidade de Gaza está cercada completamente pelas tropas de Israel, que iniciaram uma grande ofensiva nesta quinta-feira (21/8) para conquistar o último reduto importante do Hamas no território palestino. A ONU alerta para o perigo de mortes de crianças por fome na Faixa de Gaza.

O plano foi aprovado na quarta-feira (20/8) pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, e ainda espera a aprovação final do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, prevista para esta quinta-feira.

De acordo com o exército israelense, cinco divisões, compostas por milhares de soldados, estão envolvidas na operação contra a cidade de Gaza, com ataques intensos nos bairros de Jabalia al-Balad, al-Nazla e al-Sabra.

O porta-voz do exército, general Effie Defrin, afirmou que as forças estão nas periferias da cidade e que a missão tem como objetivo criar condições para a libertação dos reféns que ainda estão em Gaza. Segundo o exército, 49 pessoas continuam reféns, das quais 27 já foram declaradas mortas. Desde o começo do conflito, Israel declarou ter eliminado cerca de 2.000 combatentes do Hamas e atingido 10 mil alvos.

A convocação de 60 mil reservistas foi anunciada na quarta-feira e é considerada uma questão delicada para Netanyahu. A decisão provoca divisões na sociedade israelense.

Apesar da escalada do conflito, Israel ainda não respondeu formalmente à proposta de trégua apresentada por mediadores do Egito, Catar e Estados Unidos, que foi aceita pelo Hamas na segunda-feira (18/8). A proposta prevê uma pausa nas hostilidades por 60 dias, troca de reféns por prisioneiros palestinos e aumento da ajuda humanitária. O Hamas criticou a ofensiva, chamando-a de “desrespeito claro” aos esforços diplomáticos.

O conflito também revela profundas divisões internas em Israel. Dados indicam que uma parte significativa dos reservistas não está atendendo às chamadas, e muitos expressam descontentamento com a condução do governo pelo conflito.

Além disso, Israel anunciou um novo plano para construir 3.400 casas na Cisjordânia, que dividirá ainda mais o território palestino. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, saudou o projeto como o fim da ideia de criação de um Estado palestino.

Moradores de Gaza descrevem uma situação desesperadora. “As casas tremem, vivemos com o barulho de explosões, aviões e ambulâncias. O som se aproxima, mas para onde fugir?”, disse Ahmad al-Shanti. Amal Abdel al-Al, que escapou do bairro al-Sabra, afirmou: “Em Gaza ninguém dorme há dias. O céu está iluminado pelos bombardeios.”

Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos em Israel, a resposta militar de Israel causou 62.192 mortes em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, números considerados confiáveis pela ONU. A Cruz Vermelha Internacional classificou a intensificação dos combates como “insuportável”, alertando para mais mortes, deslocamentos e destruição em uma região já profundamente afetada.

Uso da comida como arma

No mesmo dia, o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, alertou que crianças em Gaza estão em risco iminente de morrer por falta de alimentos. A agência mostra que os casos de desnutrição aumentaram seis vezes desde março. “Muitos não vão sobreviver”, disse Lazzarini, qualificando a situação como uma “fome intencional e criada”, onde os alimentos são usados como instrumento de guerra.

A crise alimentar piora devido ao cerco militar e ao bloqueio da ajuda humanitária. Em maio, um monitor global sobre fome indicou que cerca de 500 mil pessoas em Gaza estavam em risco de morrer de fome.

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