O presidente iraniano Masoud Pezeshkian anunciou neste domingo (2/11) que Teerã pretende restaurar as instalações nucleares atingidas em ataques das forças dos Estados Unidos e de Israel no mês de junho.
Essa declaração contraria a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, que havia prometido novos ataques caso o Irã tentasse reparar os locais danificados, entre eles o complexo de enriquecimento de urânio de Natanz e a usina nuclear de Isfahan.
O Irã tem enfrentado disputas com países ocidentais há mais de vinte anos devido ao seu programa nuclear, especialmente após a revelação de instalações secretas para enriquecimento de urânio.
O que declarou o presidente iraniano?
Em visita a uma agência nuclear do país, Pezeshkian afirmou que o Irã não será impedido de reconstruir as áreas afetadas.
“Destruir edifícios e fábricas não nos causará problemas. Nós vamos reparar e com ainda mais força”, declarou o líder iraniano.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele reforçou que o programa iraniano não visa o desenvolvimento de armas nucleares, mas sim objetivos civis.
“Tudo isso tem o propósito de solucionar demandas da população, combater doenças e apoiar a saúde da sociedade”, completou.
Por que os EUA e Israel atacaram as instalações nucleares do Irã?
Desde 2003, o programa nuclear do Irã tem sido alvo de preocupação internacional, após a descoberta de instalações secretas de enriquecimento que geraram sanções e tentativas fracassadas de acordo.
As tensões se intensificaram em 2023 quando foi revelado que o Irã teria enriquecido urânio a 83% de pureza, um nível superior ao necessário para fins civis, embora abaixo do requerido para armas nucleares. Em resposta, Teerã afastou inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica, aumentando as advertências de Estados Unidos e Israel.
Israel considera o programa iraniano uma ameaça grave e conduziu, em junho, ataques direcionados contra as instalações nucleares do Irã, com participação de bombardeiros B-2 dos EUA contra a usina de Fordo.
Na ocasião, Trump alegou que o programa havia sido destruído, mas o Irã contestou, relatando danos significativos, porém sem o fim completo dos projetos nucleares.
Não há avaliações independentes sobre a extensão dos danos desde que o Irã interrompeu o trabalho junto à AIEA.
Possibilidades para negociações futuras
Omã, atuando como mediador tradicional, tem pressionado por uma retomada do diálogo entre Washington e Teerã. O país sediou cinco rodadas de negociações neste ano, sendo que os ataques de Israel ocorreram pouco antes da sexta rodada.
Além disso, em setembro, sanções da ONU contra o Irã foram restabelecidas após países europeus acionarem mecanismos relacionados ao acordo nuclear de 2015, do qual os EUA haviam se retirado em 2018 sob a administração Trump.
