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quinta-feira, 26/06/2025




Irã vai continuar enriquecendo urânio, diz embaixador no Brasil

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Guilherme Botacini
Brasília, DF (FolhaPress)

O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam, declarou nesta quinta-feira (26) que o Irã manterá o enriquecimento de urânio, mesmo diante das críticas e ataques dos Estados Unidos e Israel contra seu programa nuclear.

Abdollah Nekounam destacou em entrevista coletiva em Brasília que as conquistas iranianas ocorreram apesar das proibições impostas por países ocidentais e pelos EUA, e que o país seguirá firme em seus objetivos e interesses.

Segundo ele, os ataques a Teerã não podem ser vistos apenas como um conflito bilateral, mas sim como uma questão de âmbito global.

“Os países signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) têm o direito de desenvolver programas nucleares e enriquecer urânio. Dois países que possuem armas nucleares atacaram um membro do TNP e suas instalações nucleares pacíficas — um deles sequer é membro do TNP [Israel]”, afirmou. “Esse diálogo vai além do conflito entre duas nações, é um tema global.”

O embaixador reiterou que o projeto atômico iraniano tem fins pacíficos, abrangendo setores como o farmacêutico, e defendeu o direito do Irã de desenvolver seu programa dentro do que estabelece o TNP, ratificado pelo país em 1970.

Ele afirmou: “Enquanto nos distanciamos das armas nucleares, usamos todos os nossos meios para exercer nossos direitos nucleares conforme o TNP. O Irã não pode depender de outros para fornecer urânio necessário para geração de eletricidade e produção de radiofármacos.”

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem questionado o programa de enriquecimento iraniano, indicando descumprimento de obrigações pelo país, o que gerou críticas do Irã à agência.

Abdollah Nekounam confirmou que as inspeções externas estão suspensas desde os ataques feitos por Israel e EUA, mas evitou comentar possíveis ações como a saída do Irã do TNP ou o bloqueio do estreito de Hormuz, declarando desconhecer documentos oficiais sobre o tema.

Os ataques israelenses vieram após a divulgação do relatório da AIEA e preocupações sobre a possibilidade de o Irã desenvolver uma bomba nuclear em poucos dias. Os bombardeios atingiram instalações militares e civis em Teerã, buscando atacar a liderança militar e enfraquecer a defesa aérea iraniana.

O Irã reagiu com lançamento de mísseis e drones contra Israel. Na madrugada do último domingo, os EUA bombardearam três instalações nucleares no Irã, inclusive uma subterrânea, com mísseis antibunker.

Desde então, o conflito permanece com um cessar-fogo frágil, inicialmente anunciado pelo presidente americano Donald Trump, que foi violado, mas depois retomado após sua intervenção pública.

O embaixador, que representa um país integrante do Brics, agradeceu ao Brasil e aos demais membros pela nota de condenação dos ataques, divulgada após o bombardeio americano. O documento revela divisão dentro do grupo, com alguns países criticando EUA e Israel diretamente e outros buscando um tom mais moderado.

Abdollah Nekounam ressaltou a relevância do Brics para suprir falhas na ordem global, mas não comentou a declaração específica. Também não confirmou a participação do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, na cúpula do Brics, marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.




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