Esmail Baghaei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, criticou a declaração conjunta do G7 — grupo das principais economias mundiais — feita na madrugada desta terça-feira (17/6).
Baghaei afirmou que o documento, que aponta os iranianos como causa de instabilidade e terrorismo, falhou ao não mencionar a agressão ilegal e explícita de Israel contra o Irã.
Nas palavras do porta-voz, “A declaração dos líderes do G7 ignorou de forma evidente os ataques ilegais de Israel contra o Irã, incluindo ataques à nossa infraestrutura nuclear pacífica, áreas residenciais e o assassinato de cidadãos iranianos”.
Ele acrescentou que o G7 deve abandonar sua visão unilateral e encarar a verdadeira causa do conflito: a agressão israelense. “Centenas de inocentes foram mortos, nossas instalações públicas e residenciais destruídas brutalmente, e hospitais e centros de saúde atacados. O Irã está apenas se defendendo de uma agressão cruel. Haveria outra alternativa para o Irã?”
Na última quinta-feira (12/6), as Forças de Defesa de Israel lançaram uma “ofensiva preventiva” contra o programa nuclear iraniano.
O governo de Israel vinha aumentando a pressão sobre o regime do aiatolá Ali Khamenei antes do ataque, com ameaças dirigidas ao programa nuclear do Irã.
O avanço nuclear do Irã tem sido motivo de preocupação para a comunidade internacional, especialmente para Israel, que possui arsenal nuclear e considera o programa iraniano uma ameaça direta.
O ataque aumentou a instabilidade já presente no Oriente Médio, dada a rivalidade histórica entre os dois países.
Além disso, Esmail Baghaei dirigiu-se diretamente aos três países do G7 que também são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — Estados Unidos, Reino Unido e França — e ressaltou que eles devem assumir suas responsabilidades legais e morais frente à agressão israelense.
Ele afirmou que a guerra de agressão israelense contra o Irã viola a Carta da ONU e as normas do direito internacional, constituindo um ataque sem precedentes ao regime de não proliferação nuclear e à proteção legal das nações não nucleares.
Esmail Baghaei também acusou Israel de lançar uma guerra não provocada contra o Irã, atacando suas instalações nucleares pacíficas e violando o Artigo 2(4) da Carta da ONU, que proíbe o uso ou ameaça de força contra tais instalações.
Declaração do G7
Durante a reunião no Canadá, os líderes do G7 emitiram uma declaração sobre o aumento da violência entre Irã e Israel na noite de segunda-feira (16/6), pedindo a diminuição da tensão. No entanto, reafirmaram o direito de Israel de se defender, classificando o Irã como a principal fonte de instabilidade e terrorismo na região.
A nota expressou que Israel tem o direito à autodefesa e reiterou a importância de proteger civis. Também enfatizou que o Irã não deve obter armas nucleares sob nenhuma circunstância.
O documento indica o compromisso dos líderes do G7 com a paz e estabilidade no Oriente Médio e apela para que a crise iraniana seja resolvida levando a uma redução maior das hostilidades, incluindo um cessar-fogo em Gaza.
Além disso, a declaração destacou a vigilância quanto às consequências para os mercados globais de energia e a disposição para coordenar com parceiros para manter a estabilidade desses mercados.
De acordo com informações da imprensa dos EUA, a declaração foi assinada pelo então presidente norte-americano Donald Trump, que deixou a cúpula antes do término oficial.