Após cerca de dois meses de rompimento com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o governo do Irã decidiu retomar o diálogo e a colaboração com a entidade responsável pela fiscalização nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU). A retomada da cooperação foi divulgada nesta terça-feira (9/9).
O acordo, fruto de mediação realizada pelo governo do Egito, foi formalizado pelo chanceler do Irã, Seyyed Abbas Araqchi, e pelo diretor-geral da agência nuclear da ONU, Rafael Mariano Grossi, durante um encontro na capital egípcia, Cairo.
Detalhes específicos sobre a colaboração ainda não foram revelados, porém Grossi mencionou que a AIEA recomeçará as inspeções no programa nuclear do país, que é liderado pelo aiatolá Ali Khamenei.
Pressão Internacional
A renovação do acordo entre a república persa e a agência nuclear da ONU ocorreu após fortes pressões do Reino Unido, França e Alemanha, integrantes do grupo conhecido como E3. Essas nações europeias manifestaram recentemente a intenção de restabelecer sanções contra o Irã caso este não voltasse às negociações sobre seu programa nuclear com a comunidade global.
Antes das conversas no Egito, o ministro das Relações Exteriores do Irã indicou que o país estaria disposto a um acordo, desde que sanções internacionais fossem suspensas. Em texto divulgado no jornal The Guardian, Araghchi afirmou que o Irã estava pronto para cooperar, concordando com a supervisão sobre seu programa nuclear e com limitações ao enriquecimento de urânio.
No início de julho, o governo iraniano havia interrompido a parceria com a AIEA como resposta a ataques realizados por Israel e Estados Unidos a instalações nucleares iranianas.
Na ocasião, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que os ataques tinham como objetivo evitar que o país liderado pelo aiatolá Ali Khamenei desenvolvesse uma arma nuclear.