O governo do Irã anunciou nesta terça-feira (24) sua disposição em voltar a negociar com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, no primeiro dia de uma delicada trégua após quase duas semanas de conflito entre Irã e Israel.
O cessar-fogo começou a valer nesta terça, após 12 dias de confrontos entre as nações do Oriente Médio e um ataque dos EUA a instalações nucleares do Irã.
Desde as 7h45 GMT (4h45 em Brasília) desta terça, não houve mais sirenes em Israel. No Irã, o Exército informou que os últimos ataques israelenses ocorreram às 5h30 GMT (2h30 em Brasília).
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, declarou estar “disposto a resolver os problemas[…] através do diálogo” com os Estados Unidos, enfatizando que o país não deseja fabricar armas nucleares, mas sim garantir seus direitos legítimos ao desenvolvimento de um programa nuclear para fins civis.
O Exército de Israel retirou as restrições impostas à população devido ao conflito, mas o tenente-general Eyal Zamir alertou que “a campanha contra o Irã continua”, entrando numa “nova fase”.
O chefe do Estado-Maior militar afirmou que Israel irá retomar sua atenção para enfrentar o grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza.
Autoridades aeroportuárias de Israel confirmaram o retorno à normalidade no tráfego aéreo, enquanto o espaço aéreo do Irã permanecerá fechado até quarta-feira.
Objetivos alcançados
Israel foi o primeiro a aceitar a proposta de cessar-fogo feita pelo presidente americano Donald Trump, alegando que todos os objetivos da guerra — neutralizar o programa nuclear iraniano — foram cumpridos.
Por sua vez, o Irã celebrou uma vitória e afirmou ter forçado o adversário a encerrar unilateralmente o conflito, mantendo-se em alerta.
Masoud Pezeshkian prometeu respeitar o cessar-fogo desde que Israel também cumpra o acordo.
Em 13 de junho, Israel lançou ataques aéreos contra o Irã, acusando-o de buscar armas atômicas, atingindo instalações militares e nucleares, eliminando comandantes e cientistas nucleares.
O Irã, defendendo seu direito ao programa nuclear civil, respondeu com disparos de mísseis e drones contra Israel.
Nesta terça-feira, sirenes tocaram pela última vez no norte de Israel. O Irã negou ter disparado mísseis após o cessar-fogo, enquanto fontes militares israelenses disseram que dois mísseis disparados pelo Irã foram interceptados.
Após ameaças de resposta forte, o governo israelense se absteve de novos ataques após conversa entre Donald Trump e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Cessar-fogo oficial
Donald Trump anunciou que os dois países firmaram um acordo de cessar-fogo “total e completo”, que deve pôr fim oficialmente ao conflito.
O Catar informou ter convencido o Irã a aceitar a trégua e pediu que as negociações sobre o programa nuclear, interrompidas pela guerra, sejam retomadas.
Antes do cessar-fogo, os serviços de emergência israelenses registraram quatro mortes em Beersheva (sul) devido à destruição de um prédio residencial.
No Irã, um ataque na província de Guilan causou nove mortes e destruiu edifícios residenciais, segundo a agência Fars.
Além disso, um cientista nuclear foi morto em ataque israelense, conforme a imprensa estatal do Irã.
O conflito deixou pelo menos 610 mortos e mais de 4.700 feridos no Irã, considerando apenas civis segundo balanço oficial, enquanto os disparos iranianos contra Israel causaram 28 mortes.
Avaliação dos impactos
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considera difícil, no momento, avaliar os danos e solicitou acesso às instalações do Irã.
Especialistas suspeitam que o Irã pode ter removido materiais nucleares dos locais atacados, e o país afirma possuir estoques de urânio enriquecido.
No entanto, a AIEA não encontrou evidências de um programa sistemático para confeccionar uma bomba atômica no Irã.