O presidente iraniano, Hassan Rohani, deseja solucionar pela via diplomática a crise provocada após a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear em 2018
Em 2015, a República islâmica concluiu, em Viena, um acordo com o grupo chamado 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha). Nele, comprometia-se a limitar suas atividades nucleares, em troca de um alívio nas sanções internacionais contra Teerã.
O pacto foi quebrado, porém, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu retirar seu país deste acordo unilateralmente, em maio de 2018, e restabelecer sanções que mergulharam o Irã em uma crise profunda.
O Irã decidiu, então, deixar de cumprir a maioria dos pontos do acordo assinado em Viena.
“A qualquer momento, quando os 5+1, ou os 4+1 [ou seja, os 5+1 menos Estados Unidos], retomarem seus compromissos, também respeitaremos os nossos”, disse Rohani, durante o conselho de ministros transmitido pela televisão.
Eu já disse: não é questão de tempo, mas de vontade”, acrescentou.
Apesar das críticas dos ultraconservadores iranianos, Rohani destacou seu desejo de solucionar pela via diplomática a crise provocada após a saída dos Estados Unidos do acordo. Reiterou ainda que a mudança de presidente na Casa Branca representa uma “chance” que não se deve desperdiçar.
Controlado pelos conservadores desde as legislativas de fevereiro, o Parlamento iraniano adotou contra a vontade do governo uma lei que, se aplicada, corre o risco de levar a questão nuclear do país ao Conselho de Segurança da ONU.
Rohani deve promulgar esta lei, mas o presidente deu a entender nesta quarta-feira que não tem intenção alguma de fazer isso.A lei pede ao governo que encerre as inspeções das instalações nucleares por parte da ONU e exige que essas instalações “produzam e armazenem 120 kg ao ano de urânio enriquecido a 20%”.Isso colide frontalmente com os controles acordados com as grandes potências no acordo de 2015.