O governo do Irã afirmou que está monitorando cuidadosamente os recentes acontecimentos entre Armênia e Azerbaijão, que firmaram um acordo de paz no início deste mês. Além disso, enviou um alerta aos Estados Unidos, indicando a possibilidade de estabelecer presença na área. A declaração foi feita pelo porta-voz da chancelaria iraniana, Esmaeil Baqaei, neste domingo (17/8).
Conflito de longa duração
Localizada no sul do Cáucaso, a região autônoma de Nagorno-Karabakh está situada dentro das fronteiras do Azerbaijão, porém historicamente é habitada por armênios étnicos.
O primeiro conflito, conhecido também como Artsakh, começou no final dos anos 1980, quando o parlamento local decidiu pela unificação da região com a Armênia, gerando tensões.
Em 1994, sob mediação da Rússia, foi firmado um cessar-fogo. Os armênios étnicos conseguiram manter o controle da região.
A segunda guerra teve início em 2020, com o Azerbaijão buscando recuperar territórios perdidos na década anterior, embora não tenha retomado completamente Artsakh.
Há três anos, forças do Azerbaijão lançaram uma ofensiva para conquistar a área ainda controlada por armênios étnicos.
Conforme dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 100 mil armênios deixaram Nagorno-Karabakh, buscando refúgio principalmente na Armênia.
O acordo de paz entre Armênia e Azerbaijão foi firmado em 8 de agosto com mediação dos Estados Unidos.
Esmaeil Baqaei destacou que o Irã considera a presença militar estrangeira na região como algo prejudicial e que pode aumentar as tensões no sul do Cáucaso.
Essa mensagem é uma indireta para o governo norte-americano, que ajudou a negociar o acordo e ganhou influência na região.
Entre os termos do acordo, está o direito de administrar um corredor que atravessará a Armênia — que continuará soberana na região — para conectar o Azerbaijão ao exclave de Naquichevão.
Este corredor, nomeado como “Rota Trump para a Paz e Prosperidade Internacional” (TRIPP), ainda não está completamente detalhado. Contudo, o Irã enxerga esta iniciativa como uma forma dos Estados Unidos se estabelecerem próximos às suas fronteiras, dada a proximidade da Armênia com o Irã.