Na manhã desta terça-feira (24), o Conselho Supremo da Segurança Nacional do Irã divulgou uma declaração exaltando a vitória contra Israel, afirmando que a reação do país à ofensiva de Tel-Aviv forçou o governo de Benjamin Netanyahu a aceitar o cessar-fogo anunciado pelos Estados Unidos.
“As Forças Armadas da República Islâmica do Irã agiram sob o comando do Líder Supremo da Revolução Islâmica e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas com coragem exemplar, derrotando cada ação hostil do adversário”, declarou o comunicado.
O Conselho mencionou o ataque à base militar americana de Al-Udeed, no Catar, e afirmou que respondeu a todas as agressões de forma oportuna e proporcional.
“Esta vitória levou o inimigo a reconhecer sua derrota e aceitar o fim unilaterial da invasão”, afirmou a nota, acrescentando que o país permanece vigilante e pronto para reagir firmemente a qualquer agressão.
O cessar-fogo mantém-se frágil, visto que o Irã acusa Israel de ter violado o acordo ao atacá-lo na manhã desta terça-feira, prometendo resposta a qualquer ataque vindo de Tel-Aviv.
EUA e Israel
A versão do Irã contradiz a do governo dos Estados Unidos, que atribui o cessar-fogo ao ataque americano às instalações nucleares iranianas no último sábado (24). Segundo o presidente Donald Trump, Irã e Israel pediram quase simultaneamente o fim das hostilidades.
“Israel e Irã vieram a mim, quase ao mesmo tempo, e disseram: ‘Paz!’ Eu sabia que a hora era agora. O mundo e o Oriente Médio são os verdadeiros vencedores”, declarou Trump.
O presidente afirma que o ataque dos EUA inviabilizou as instalações, abrindo caminho para o acordo, embora analistas questionem essa versão. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) indicou que, provavelmente, as instalações iranianas foram danificadas.
Na segunda-feira (23), o primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, disse estar próximo de atingir o objetivo de inviabilizar o programa nuclear e de mísseis balísticos do Irã. O governo israelense também expressou desejo de destituir o regime iraniano.
Programa nuclear
EUA e Israel justificaram o ataque alegando que o Irã estava perto de criar uma bomba atômica, alegação que o país sempre negou. Segundo Trump, os ataques americanos danificaram o programa nuclear iraniano, o que facilitou o cessar-fogo.
A Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI) declarou que tomará as medidas necessárias para restaurar suas atividades nucleares, conforme noticiado pela agência oficial Tasnim News nesta terça-feira.
“A indústria nuclear está profundamente enraizada no Irã e é impossível para os inimigos eliminarem essa tecnologia. O país tem capacidades que permitem o avanço contínuo da indústria nuclear”, afirmou o porta-voz da OEAI, Behrouz Kamalvandi.
Contexto do conflito
Após acusar o Irã de estar próximo de desenvolver armas nucleares, Israel lançou um ataque surpresa no último dia 13, ampliando o conflito no Oriente Médio. No sábado (21), os Estados Unidos atacaram três usinas nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Esfahan.
O Irã sustenta que seu programa nuclear visa fins pacíficos e que estava em negociação com os EUA para assegurar o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário.
Entretanto, a AIEA acusa o Irã de não cumprir integralmente suas obrigações, apesar de não ter evidências concretas de que estivesse desenvolvendo uma bomba atômica. O Irã considera a agência politicamente tendenciosa, influenciada por potências ocidentais que apoiam Israel.
Em março, o setor de Inteligência dos EUA afirmou que o Irã não estava desenvolvendo armas nucleares, informação agora posta em dúvida pelo próprio presidente Donald Trump.
Embora Israel negue que Teerã possua armas nucleares, fontes históricas indicam que o país mantém desde a década de 1950 um complexo programa nuclear secreto, possivelmente com cerca de 90 ogivas atômicas.
Com informações da Agência Brasil.