São Paulo, SP (FolhaPress) – O Irã está realizando uma avaliação dos danos causados às suas instalações nucleares, que foram alvo de ataques promovidos por Israel e Estados Unidos, e está adotando medidas para restaurá-las, segundo declaração do chefe da agência de Energia Atômica do país, Mohammad Eslami, divulgada nesta terça-feira (24) pela imprensa estatal.
“O objetivo é assegurar que não haja interrupções na produção e nos serviços”, disse em comunicado veiculado pela televisão estatal. “Os planos para retomar as atividades nas instalações já foram elaborados antecipadamente, e nossa prioridade é manter a continuidade da produção e dos serviços.”
No sábado (21), Washington realizou bombardeios nas instalações de Fordow, Isfahan e Natanz — peças-chave no programa nuclear iraniano —, um feito que o presidente americano, Donald Trump, chamou de “sucesso militar notável”. Na segunda-feira (23), Tel Aviv afirmou ter bombardeado novamente a instalação de Fordow, localizada sob uma montanha ao sul de Teerã, visando bloquear suas rotas de acesso.
Ainda não está claro qual foi a dimensão dos prejuízos. Um assessor do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, informou que o país ainda dispõe de reservas de urânio enriquecido, conforme noticiado pela agência AFP.
O programa nuclear do Irã, que o governo defende ser para fins pacíficos, teve início em 1974, antes da Revolução Iraniana que instaurou um regime teocrático na nação persa. Para o governo, representa um símbolo da influência do país numa região delicada.
Em maio, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reportou que o Irã acelerou o aumento de suas reservas de urânio enriquecido com 60% de pureza, valor próximo dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares.
Naquele momento, Israel — uma das nove potências nucleares globais e a única que não reconhece oficialmente esse status — reagiu de imediato. O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou: “A comunidade internacional deve agir agora para conter o Irã”.
No dia 13 de junho, Israel efetuou um ataque surpresa contra instalações nucleares iranianas e eliminou parte da alta cúpula do comando militar do Irã, configurando a ameaça mais significativa ao regime desde a guerra com o Iraque nos anos 1980.
Autoridades iranianas afirmam que mais de 600 pessoas perderam a vida nos ataques aéreos — dado que não pode ser confirmado de forma independente devido ao controle estatal sobre a mídia. Em retaliação, o Irã matou 28 israelenses, numa ação que representou a primeira vez em que um volume significativo de mísseis iranianos conseguiu ultrapassar as defesas do Estado judeu.