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terça-feira, 09/09/2025

ipca-15 registra primeira queda em mais de dois anos com redução nos preços de gasolina, energia e alimentos

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LEONARDO VIECELI
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS)

O IPCA-15, índice que mede a inflação oficial antecipada no Brasil, caiu 0,14% em agosto, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (26).

Essa é a primeira vez em mais de dois anos que esse índice apresenta deflação mensal. A última queda tinha sido de 0,07% em julho de 2023.

Após subir 0,33% em julho, o índice registrou essa redução em agosto devido a uma diminuição temporária no valor da conta de luz, graças a um desconto proveniente do bônus de Itaipu, que deve ser revertido a partir de setembro. Além disso, os preços de alimentos e gasolina também caíram, contribuindo para a queda do IPCA-15.

Essa deflação de 0,14% é a maior desde setembro de 2022, quando o índice diminuiu 0,37% devido a cortes de impostos promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro perto das eleições presidenciais.

Mesmo assim, o mercado financeiro esperava uma queda um pouco maior, cerca de 0,20%, segundo a agência Bloomberg.

No acumulado dos últimos 12 meses até agosto, o IPCA-15 registra uma inflação de 4,95%, o que indica uma desaceleração em comparação aos 5,30% registrados até julho.

Queda nos preços da luz, alimentos e gasolina

O IBGE divide o índice em nove grupos de produtos e serviços, e neste mês o grupo de habitação teve uma queda significativa de 1,13%, impactando o índice em -0,17 pontos percentuais.

Essa redução é explicada principalmente pela queda temporária na tarifa da energia elétrica residencial, que diminuiu 4,93%. A conta de luz foi o maior responsável individual pela queda no índice, com impacto de -0,20 pontos percentuais.

Sem o desconto do bônus de Itaipu, o índice teria subido 0,26% em agosto, segundo cálculo da economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

Outro destaque foi o grupo de alimentação e bebidas, que caiu 0,53%, marcando a terceira redução consecutiva e a maior entre elas.

Especialistas dizem que parte da queda nos preços dos alimentos acontece pelo aumento da oferta dos produtos no campo.

O IBGE apontou quedas significativas nos preços de manga (-20,99%), batata-inglesa (-18,77%), cebola (-13,83%), tomate (-7,71%), arroz (-3,12%) e carnes (-0,94%).

Manga e carnes foram impactadas pelas tarifas aplicadas pelo governo de Donald Trump. Analistas acreditam que a guerra comercial poderia inicialmente aumentar a oferta desses produtos no mercado interno do Brasil, reduzindo preços, embora exista preocupação de que isso possa pressionar a alta do dólar no futuro, o que ameaçaria a inflação.

O grupo de transportes também contribuiu para a deflação de agosto, apresentando queda de 0,47%. Essa redução foi impulsionada pela baixa nos preços da gasolina (-1,14%), automóveis novos (-1,32%) e passagens aéreas (-2,59%).

Entretanto, os bilhetes aéreos caíram menos do que o previsto, o que pode explicar por que a deflação do IPCA-15 foi menor do que a esperada pelo mercado.

Entendendo o IPCA e o IPCA-15

O IPCA-15 é divulgado antes do IPCA, que é o índice oficial de inflação do Brasil. Ele serve como uma prévia da inflação, pois o seu cálculo utiliza preços coletados entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês atual. No caso de agosto, os preços foram coletados de 16 de julho a 14 de agosto.

Já o IPCA considera o mês completo e o índice oficial de agosto será divulgado em 10 de setembro.

De acordo com o boletim Focus do Banco Central, divulgado na segunda-feira (25), o mercado prevê uma inflação de 4,86% para o IPCA acumulado em 2025.

Embora essa previsão esteja em queda pelo 13º semana consecutiva, ela ainda está acima do teto da meta de inflação, que é 4,5%.

Em 2025, o Banco Central adotou uma meta contínua de inflação, que considera que a meta é descumprida se o IPCA acumulado ficar fora do intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5% por seis meses seguidos. O centro dessa meta é 3%.

O IPCA excedeu a meta contínua pela primeira vez em junho deste ano.

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