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quarta-feira, 27/08/2025

Investimentos em ferrovias querem crescer com apoio do fundo climático

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Ricardo Ayres defende o transporte ferroviário como meio eficaz para a redução das emissões de CO₂.

Em uma audiência pública realizada na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados na última terça-feira (26), especialistas discutiram as dificuldades para utilizar recursos do Fundo Nacional para Mudança do Clima em projetos ferroviários. Este fundo é destinado a financiar ações para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas.

Aloisio Lopes Pereira de Melo, secretário nacional de Mudança do Clima, explicou que o comitê gestor recebe anualmente solicitações de ampliação do uso do fundo, inclusive do setor ferroviário. Contudo, ele ressaltou a necessidade de avaliar amplamente os impactos para evitar consequências indiretas, como a expansão urbana e o aumento das atividades econômicas, que podem impactar o meio ambiente.

Leonardo Cezar Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, destacou os benefícios ambientais das ferrovias. “Estudos do Banco Mundial indicam que transportar cargas por rodovias, da região central até os portos, causa impactos ambientais, como desmatamento, muito maiores do que a infraestrutura ferroviária.”

O governo tem incentivado o setor por meio de parcerias com a iniciativa privada, apostando em investimentos em novos trechos a partir da renovação de concessões. Foram citadas obras retomadas na Transnordestina, na Ferrovia de Integração Centro-Oeste e na Ferrovia de Integração Oeste-Leste.

Barreto mencionou a dificuldade que a alta taxa de juros impõe para a viabilidade de novos projetos, defendendo a busca por outras alternativas de financiamento. Segundo ele, construir um quilômetro de ferrovia custa entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões, uma locomotiva R$ 20 milhões, e um vagão R$ 1 milhão. Esse tipo de investimento rende retorno apenas após anos e com taxa Selic elevada, torna-se inviável.

Tiago Ferreira, representante do BNDES, explicou que os financiamentos para ferrovias no banco possuem longos prazos de até 34 anos para amortização. Informou também que, desde 2024, o Fundo Clima passou a apoiar projetos ferroviários inicialmente para ferrovias elétricas, e em 2025 ampliou para transporte híbrido e biocombustíveis.

Ayres destacou que os trens produzem até sete vezes menos emissões do que caminhões, justificando a importância dos investimentos do Fundo Clima nesse setor fundamental para a economia brasileira.

Dados da Associação Nacional de Transporte Ferroviário indicam que a produção ferroviária no país cresceu 158% desde 1997, enquanto o transporte de grãos subiu de 4% para 25%. O custo do frete caiu mais de 20%, posicionando o Brasil como o terceiro país com a tarifa ferroviária mais baixa no mundo, atrás apenas da Rússia e China. Além disso, os acidentes ferroviários diminuíram 90%, e a cada redução de 1% na participação do transporte rodoviário para o ferroviário, estima-se a preservação de 20 vidas nas estradas.

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