O deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá apurar fraudes financeiras de grandes valores no INSS, declarou em entrevista ao Metrópoles que o foco principal da investigação será rastrear o desvio de recursos do sistema previdenciário.
Gaspar informou que convocará ministros da Previdência que tiveram maior tempo de mandato nos governos de Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, além de todos os presidentes do INSS.
De acordo com o deputado, o trabalho da comissão será estruturado com início, desenvolvimento e término, dividido em seis áreas principais de investigação. O propósito é entender desde a forma como as fraudes ocorriam até as medidas que podem evitar novos ilícitos.
Gaspar explicou que, para otimizar as oitivas iniciais, optou por chamar apenas os ministros que mais tempo permaneceram no cargo, e todos os presidentes do INSS, dada a relevância direta do órgão no escândalo.
Um dos momentos cruciais da apuração será seguir a pista do dinheiro:
“Enquanto muitos aposentados enfrentam dificuldades financeiras, há indivíduos usufruindo de riqueza proveniente desses recursos, com propriedades de luxo e bens no exterior. É fundamental rastrear esse capital”, destacou o parlamentar.
Contexto do escândalo no INSS
O caso envolvendo o INSS foi inicialmente revelado pelo Metrópoles em dezembro de 2023, por meio de uma série de reportagens. Meses depois, descobriu-se que as entidades arrecadaram cerca de R$ 2 bilhões em um ano com descontos das mensalidades dos aposentados, enquanto enfrentavam milhares de processos judiciais relacionados a fraudes nas filiações de segurados.
Essas descobertas motivaram a abertura de inquérito pela Polícia Federal, que também serviu de base para investigação da Controladoria-Geral da União. A Polícia Federal utilizou 38 reportagens do Metrópoles como suporte para a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, que resultou na demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.