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quinta-feira, 09/10/2025

Investidores sofrem grandes prejuízos com COEs da Ambipar e Braskem

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JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Recentemente, investidores têm relatado perdas significativas com COEs (Certificados de Operações Estruturadas) ligados às empresas Ambipar e Braskem em suas redes sociais. Alguns mencionaram perdas superiores a R$ 100 mil, chegando a mais de R$ 260 mil em alguns casos.

Os COEs funcionam como pacotes criados por bancos que combinam diferentes tipos de investimentos, tanto de renda fixa quanto variável. Porém, ao contrário dos fundos tradicionais, a forma como esses investimentos são estruturados nem sempre é clara para quem investe.

Os COEs dessas duas empresas são baseados em títulos de dívida dessas companhias emitidos no exterior, similares a debêntures. O vencimento antecipado desses produtos pelos bancos XP e BTG aconteceu após uma queda acentuada no valor desses títulos, devido a notícias negativas sobre a situação financeira da Ambipar e da Braskem.

Essas empresas enfrentam disputas judiciais e seus valores de mercado estão muito baixos. Por isso, os títulos perderam valor em torno de 90%, ativando cláusulas que protegem os investidores, encerrando o COE antes do tempo previsto.

A ativação dessas cláusulas ocorreu no fim de setembro, pouco depois que a Ambipar conseguiu uma liminar para impedir cobranças antecipadas e a Braskem iniciou processos para reorganizar suas dívidas. Essas notícias foram interpretadas pelo mercado como possíveis recuperações judiciais, o que fez o valor das ações e títulos dessas empresas despencar.

Apesar disso, a venda dos títulos ocorreu entre 20 e 30 dias após o acionamento da cláusula, o que aumentou as perdas para os investidores.

Maria Luisa Paolantoni, analista da Nord Investimentos, explicou que muitos investidores queriam sair antes, mas não conseguiam recuperar o dinheiro devido à baixa liquidez. No caso da Ambipar, os investidores receberam apenas 6,88% do que aplicaram; para a Braskem, a devolução ficou entre 26,6% e 37%.

Muitos investiram esperando altos ganhos sem entender os riscos envolvidos. O COE da XP relacionado à Braskem oferecia uma rentabilidade de IPCA + 10% ao ano, e o da Ambipar, IPCA + 9,75% ao ano.

Arthur Longo Ferreira, sócio do Henneberg Ferreira Linard Advogados, destacou que os bancos que criam e vendem esses produtos têm a responsabilidade de garantir que os investidores compreendam os riscos e características do investimento, respeitando o perfil de cada cliente.

Segundo o site da XP, os COEs são indicados para investidores com perfil moderado ou agressivo, dependendo da proteção do valor investido.

A XP Investimentos informa que não se responsabiliza pelas decisões de investimento feitas com base nas informações do relatório e não assume responsabilidade por prejuízos decorrentes.

Nos últimos anos, os COEs ficaram mais conhecidos após vários investidores recorrerem à Justiça contra suas corretoras alegando falta de orientação e prejuízos. O produto é complexo e possui restrições para resgate antes do vencimento.

Investidores têm relatado perdas milionárias em processos judiciais, acusando assessores de falta de transparência e pressão para vender esses produtos. Ex-funcionários afirmam que receberam orientações para vender COEs independentemente do perfil dos clientes, devido às altas comissões envolvidas.

Um investidor mencionou que sua assessora da XP apresentou o COE da Ambipar como um investimento seguro, com taxa fixa e capital protegido, mas os títulos envolvidos não possuem garantia especial, como o Fundo Garantidor de Crédito, e podem resultar em perdas caso a empresa passe por recuperação judicial.

BTG e XP não deram comentários sobre o assunto.

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