O enviado especial dos Estados Unidos para negociações de paz, Steve Witkoff, está em Moscou nesta terça-feira (2/12) para discutir com o presidente russo, Vladimir Putin, o plano americano para acabar com o conflito na Ucrânia.
Embora o objetivo principal dessa viagem, que também conta com a participação do genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, seja o fim da guerra, o jornal Le Figaro aponta outros interesses dos EUA nessas tratativas. Segundo o diário francês, representantes russos têm se comunicado de forma discreta com empresas americanas para apresentar possibilidades de negócios, incluindo contratos para exploração de minerais e hidrocarbonetos em parceria com companhias russas, caso as sanções contra Moscou sejam suspensas.
Entre as oportunidades destacam-se minas de terras raras e concessões de gás na Sibéria. Conforme a reportagem, as negociações comerciais sempre foram um ponto central nas discussões entre Washington e Moscou.
Percepção de parcialidade
A percepção de que o plano americano favorece a Rússia foi intensificada com a divulgação de 28 pontos acordados entre os dois países, os quais, segundo a imprensa americana, refletem quase literalmente as demandas do Kremlin.
O jornal Le Monde comenta que Steve Witkoff, que recebeu a delegação ucraniana em seu clube de golfe na Flórida no domingo (30), tem dedicado mais atenção à Moscou do que a Kiev. Para os europeus, permanecem dúvidas sobre a confiabilidade do aliado americano.
O lema ‘fazer dinheiro, não guerra’ tem ganhado destaque nas negociações, segundo o Wall Street Journal, citado pelo Le Monde. O diário francês reforça os contatos prévios entre oligarcas russos e empresários dos EUA que visam possíveis contratos após um acordo de paz com a Ucrânia, especialmente na área energética.
Posição ucraniana e papel europeu
O jornal Libération salienta a décima visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Paris desde o início da invasão russa em 2022. Zelensky afirma com firmeza: ‘Nossas prioridades são claras’, exigindo garantias de segurança, independência e soberania para a Ucrânia.
O presidente Emmanuel Macron busca assegurar que a Europa tenha um papel relevante nas negociações, principalmente no que diz respeito ao destino dos cerca de € 200 bilhões em ativos russos congelados na Europa desde o começo da guerra, um tema que será debatido entre os países da União Europeia.

