A popularização da inteligência artificial autônoma — que pode estabelecer objetivos, planejar e realizar tarefas com pouca intervenção humana — está prevista para ocorrer já em 2026, conforme indica a pesquisa global “O impacto da tecnologia em 2026 e além”, publicada recentemente pelo Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), a maior organização técnico-profissional do mundo.
O estudo consultou 400 líderes tecnológicos de seis países, incluindo o Brasil, e identifica que a IA autônoma será utilizada pelos consumidores como assistente pessoal, gerente da privacidade de dados e monitor de saúde, tornando-se parte das atividades diárias.
“A IA autônoma atua como um assistente inteligente que trabalha de forma independente, mas ainda necessita de supervisão humana”, esclarece o relatório.
Atualmente, as soluções populares como o ChatGPT representam a chamada IA generativa, um tipo que cria conteúdos, como textos ou imagens, baseado em grandes volumes de dados previamente aprendidos. Esses modelos operam por meio de comandos conhecidos como “prompts”.
Rápido crescimento e surgimento de novas vagas
De acordo com a análise, 91% dos especialistas creem que o emprego dessa tecnologia para processar grandes quantidades de dados irá aumentar em 2026, promovendo a contratação de analistas para avaliar a precisão, transparência e vulnerabilidades desses sistemas.
As competências mais demandadas nas empresas do setor incluem práticas éticas em IA (44%), análise de dados (38%) e aprendizado de máquina (34%).
No Brasil, os setores mais impactados pela adoção da IA serão o desenvolvimento de software (60%), bancos e serviços financeiros (48%) e mídia e entretenimento (48%).
“O Brasil tem uma extensão territorial significativa, onde os governos costumam preservar diversos componentes estratégicos, ao mesmo tempo em que compartilham serviços tecnológicos com potências como China e Estados Unidos. Há a preocupação em assegurar um avanço seguro rumo a uma democracia tecnológica justa, onde todos tenham igualdade e acesso à tecnologia”, ressaltou Gabriel Gomes de Oliveira, membro do IEEE e professor colaborador da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC-Unicamp).
Robótica e outras tecnologias em crescimento
Mais da metade dos entrevistados (52%) acredita que a inteligência artificial fomentará o progresso da robótica, da realidade aumentada e de veículos autônomos. Além disso, 46% dos profissionais esperam que robôs humanoides se tornem colegas comuns no ambiente de trabalho nos próximos anos.
O estudo também prevê que 51% das profissões globais serão ampliadas com a utilização de softwares baseados em IA até 2026.
Camilo Girardelli, membro do IEEE e arquiteto de software sênior, opinou sobre a integração da IA ao cotidiano no próximo ano:
“Em 2026, a IA autônoma deverá estar consolidada em nosso dia a dia, atuando na resolução independente de problemas. Será um marco importante na evolução da inteligência artificial, que influenciará as rotinas de pessoas e empresas”.
Ele acrescentou: “O Brasil está relativamente bem preparado para esse cenário, especialmente porque o setor bancário tem investido expressivamente em soluções baseadas em IA”.
Desafios e governança
Apesar do cenário positivo, a privacidade e a segurança dos dados permanecem sendo as maiores preocupações para 48% dos especialistas. Outros desafios envolvem o uso inadequado da IA em ataques cibernéticos e a resistência social à tecnologia.
As empresas possuem visões divergentes quanto à governança da tecnologia: 49% acreditam que a IA será incorporada em todas as partes da organização, com políticas alinhadas a regulamentações oficiais, enquanto 33% pretendem adotar regras internas específicas para definir seu uso.
Realizada entre 11 e 17 de setembro de 2025, a pesquisa contou com líderes tecnológicos do Brasil, China, Índia, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Além da inteligência artificial, o IEEE prevê que a computação quântica, energia renovável e realidade virtual também terão forte influência tecnológica até 2026.
