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segunda-feira, 27/10/2025

INSS deseja mudar o trabalho remoto e aumentar atendimento nas agências

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IDIANO TOMAZELLI E RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está planejando revisar suas regras internas para ampliar o atendimento presencial em suas agências e melhorar a análise de benefícios. Atualmente, quase metade dos funcionários trabalham de casa, seja integral ou parcialmente.

O INSS e o Ministério da Previdência observaram que o fechamento de agências tem levado os segurados a procurar intermediários e escritórios de advocacia, que se aproveitam da situação para cobrar pelos serviços que deveriam ser oferecidos gratuitamente.

Esse assunto é delicado e está sendo debatido por um grupo formado pela diretoria do INSS e representantes sindicais. A intenção é definir um novo modelo este ano para começar sua implementação em 2026.

Nos últimos anos, o INSS apostou nos serviços digitais para facilitar o acesso das pessoas. A pandemia de Covid-19 acelerou essa mudança, pois o atendimento presencial foi limitado.

Mesmo com o fim da emergência sanitária, o atendimento nas agências não voltou ao normal. Em maio de 2025, 70% das cerca de 1.500 agências do INSS estavam sem atendimento presencial, funcionando apenas com exames médicos previamente marcados, segurança e funcionários terceirizados.

O presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., conta que esse número está diminuindo, embora ainda esteja perto de 60%. Ele ressalta a importância de receber os segurados nas agências para que possam esclarecer dúvidas e apresentar documentos necessários pessoalmente.

Segundo Waller Jr., o fechamento das agências tem aumentado o número de escritórios de intermediários que têm como objetivo lucrar com as necessidades dos segurados, e não realmente ajudá-los.

O secretário executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, compartilha essa preocupação. Ele destaca que esses escritórios e empresas atuam como despachantes, cobrando altos valores para agilizar processos, o que é resultado da ausência do Estado no atendimento direto.

De um total de 18,8 mil servidores do INSS em atividade em julho, cerca de 7.472 estavam em teletrabalho integral, correspondendo a 39,8%, e 1.122 em teletrabalho parcial, equivalente a 6% da força de trabalho.

Algumas unidades têm até 80% dos funcionários trabalhando remotamente. Em Guarulhos (SP), por exemplo, 38 servidores trabalham à distância e apenas nove atendem presencialmente. Em Curitiba (PR), a situação é similar.

Para Portal, além de prejudicar o atendimento, o trabalho remoto excessivo pode prejudicar a cultura interna do INSS. Muitos funcionários nunca pisaram nas agências e trabalham apenas remotamente, o que limita a identificação com a instituição.

A retomada do atendimento presencial será gradual. Segundo Waller Jr., muitas agências necessitam de equipamentos novos e reformas para receber os servidores de forma adequada. O orçamento limitado e a resistência de alguns funcionários são desafios nesse processo.

Como iniciativa, o INSS está testando agências em Brasília, São Paulo e Florianópolis, onde servidores auxiliam o público em autoatendimento, como em caixas eletrônicos.

O presidente do Sindicato Nacional dos Servidores da Previdência Social (SINSSP), Tiago Silva, afirma que a categoria está aberta ao diálogo, mas alerta que a volta completa ao trabalho presencial pode afetar a produtividade, principalmente se a estrutura das agências não for adequada.

Waller Jr. explica que servidores que analisam pedidos e documentos deverão continuar em teletrabalho, porém a produtividade será reavaliada, já que atualmente o trabalho remoto permite uma meta de produção até 30% maior. Algumas tarefas podem estar supervalorizadas, facilitando o cumprimento das metas, enquanto outras, mais complexas, deveriam valer mais devido ao tempo de análise.

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