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quinta-feira, 26/06/2025




Insetos no prato: desafios para virar comida do dia a dia

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A produção de carne tem um impacto ambiental significativo, o que torna essencial buscar alternativas alimentares mais sustentáveis. Em várias culturas, o consumo de insetos já é tradicional, e produtos feitos com grilos ou larvas estão sendo testados como fontes de proteína.

No entanto, um estudo recente publicado na revista npj Sustainable Agriculture destaca que alimentos à base de insetos enfrentam grandes barreiras para substituir a carne em larga escala. O principal obstáculo não é tecnológico, mas cultural. A maioria das pessoas ainda rejeita a ideia de consumir insetos, mesmo quando eles estão moídos ou incorporados a outros alimentos.

Esses produtos geralmente são mais caros, menos saborosos e menos acessíveis do que alternativas de origem vegetal, que já têm espaço consolidado no mercado.

Repulsa, custo e costume

A pesquisa conduzida por cientistas dos Estados Unidos e da França analisou diversos estudos recentes e concluiu que o nojo e a falta de familiaridade são os principais empecilhos para o consumo de insetos. Em países ocidentais, menos de um terço das pessoas declara disposição para experimentar alimentos feitos com insetos, como salsichas ou barras proteicas.

Os autores do estudo afirmam que, apesar dos benefícios ambientais, sem o consumo efetivo o impacto é nulo. A aversão é reforçada por receios em relação à segurança alimentar e pela ausência de uma tradição culinária que favoreça a aceitação, diferente do que ocorreu com o sushi, que se popularizou mundialmente junto à culinária japonesa.

Aspectos econômicos e mercado

Outro desafio importante é o preço. Atualmente, produtos derivados de insetos não são competitivos em termos de custo, sabor e praticidade. Além disso, muitos desses itens não substituem diretamente a carne, pois o mercado foca principalmente em snacks, massas e barras energéticas, concorrendo mais com produtos vegetais do que com cortes de carne tradicionais.

O investimento no mercado de alimentos à base de insetos é bastante limitado. Em 2022, menos de 1% dos recursos aportados na indústria de insetos foram destinados ao desenvolvimento de alimentos para consumo humano, com maior foco na produção de ração animal, onde há maior aceitação e aplicação prática.

Perspectivas e alternativas

Para os pesquisadores, o discurso de que os insetos revolucionarão a alimentação humana pode ser mais estratégia de marketing do que realidade por enquanto. Embora tenham menor impacto ambiental que a carne convencional, os insetos ainda não conseguem competir com alimentos vegetais quanto à acessibilidade, aceitação e sustentabilidade.

Produtos à base de plantas – como hambúrgueres e nuggets feitos com soja ou ervilha – já são comuns no mercado e possuem até 90% de aceitação entre consumidores que buscam reduzir o consumo de carne.

Os autores alertam para o risco de concentrar esforços exclusivamente nos insetos, desviando atenção e recursos de opções mais viáveis. Eles ressaltam que os insetos podem ter seu espaço, mas não devem ser considerados uma solução milagrosa para os problemas ambientais relacionados à produção de carne.




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