Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) descobriram que pessoas com Síndrome de Down apresentam uma inflamação no cérebro que ocorre cedo e permanece, o que pode ser a razão do desenvolvimento precoce do Alzheimer. Essas informações foram divulgadas pelo Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas (INRAD), em São Paulo.
O estudo usou a tomografia por emissão de pósitrons (PET) com substâncias específicas para detectar inflamações no cérebro. A pesquisa mostrou que pessoas com Síndrome de Down têm um nível maior de inflamação cerebral em comparação com pessoas sem a síndrome, e essa inflamação está ligada à presença de placas beta-amiloides, que são um dos principais sinais do Alzheimer.
Daniele de Paula Faria, do Centro de Medicina Nuclear do INRAD-HC/FMUSP e líder do estudo, explica que as pessoas com Síndrome de Down têm um risco muito maior de desenvolver Alzheimer, sendo a maioria afetada ao chegar aos 60 anos ou mais. Ela destaca que a inflamação no cérebro começa antes da formação dessas placas amiloides, o que abre novas possibilidades para tratamentos.
Esses resultados permitem pensar em estratégias para prevenir o Alzheimer desde cedo, controlando a inflamação cerebral já na idade adulta jovem. A pesquisadora destaca que, se for possível controlar ou atrasar essa inflamação, poderemos prevenir o Alzheimer não apenas em pessoas com Síndrome de Down, mas também em toda a população, pois a neuroinflamação é cada vez mais reconhecida como um fator em várias doenças neurodegenerativas.
