O Instituto Nacional de Câncer (Inca), localizado no Rio de Janeiro, inaugurou nesta segunda-feira (17) o primeiro centro de formação em cirurgia robótica do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é capacitar 14 novos profissionais por ano, que receberão dupla titulação em medicina e cirurgia robótica, além de fomentar novas pesquisas na área.
Cirurgias realizadas com robôs são menos invasivas, permitindo que o cirurgião faça movimentos mais precisos e tenha uma visão ampliada em até dez vezes. Isso ajuda a diminuir riscos de complicações, dor e acelerar a recuperação dos pacientes.
Desde 2012, o Inca já realiza cirurgias robóticas no SUS, com mais de 2 mil procedimentos feitos em áreas como urologia, ginecologia, cabeça e pescoço, abdome e tórax. O novo centro de treinamento e pesquisa vai expandir a capacidade de formação e pesquisa, reforçando o papel do instituto como referência nacional no combate ao câncer.
Um uso importante dessas cirurgias é na prostatectomia robótica, que é a remoção parcial ou total da próstata em casos de câncer. Este procedimento recentemente foi incorporado pelo SUS. O diretor-geral do Inca, Roberto Gil, explicou que o novo centro ajudará a implementar essa tecnologia em todo o Brasil.
“Antes, os médicos tinham que viajar para o exterior para se capacitar. Agora, podemos treinar especialistas em cirurgia robótica dentro do país, com certificação nacional, facilitando a difusão dessa técnica em todo o território brasileiro. É um processo gradual”, afirmou.
O centro conta com o avançado robô Da Vinci XI, que possui três consoles cirúrgicos e um simulador de realidade virtual. Isso permite que os cirurgiões treinem em um ambiente realista e seguro. O instituto adaptou suas instalações para receber o equipamento, que precisou ser içado até o andar onde foi instalado.
Além disso, o centro tem certificação oficial do fabricante do robô, garantindo a formação reconhecida para os médicos especializados.
Pesquisa e inovação
Na inauguração, o Inca também apresentou duas pesquisas focadas em melhorar a detecção precoce do câncer de próstata, o tipo mais comum entre os homens, com cerca de 72 mil novos casos estimados anualmente no Brasil. Esses estudos são apoiados pelo Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon).
Uma pesquisa genética analisará amostras de lesões de 980 pacientes para encontrar indicadores que possam tornar o diagnóstico mais preciso, de acordo com o chefe do setor de Urologia do Inca, Franz Campos.
“Esses pacientes serão acompanhados por pelo menos três anos para identificar marcadores moleculares que possam melhorar o rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, visando uma medicina personalizada”, complementa.
A segunda pesquisa fará o sequenciamento genético completo de aproximadamente 3 mil pacientes com câncer ou hiperplasia prostática benigna. O objetivo é descobrir possíveis mutações associadas ao câncer para avançar na compreensão da doença.
