O tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros diminuiu as vendas do Brasil para os Estados Unidos. No entanto, esse prejuízo foi compensado pelo aumento das exportações para outros países, especialmente a China, segundo o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Em novembro, as relações entre Brasil e Estados Unidos começaram a melhorar. Em 14 de novembro, o governo americano anunciou a isenção de tarifas de 10% sobre 238 produtos agrícolas, beneficiando todos os países, e em 20 de novembro, removeu o tarifaço de 40% sobre 269 produtos, sendo 249 do setor agropecuário. Os efeitos positivos dessa medida devem aparecer a partir de dezembro e janeiro.
A balança comercial brasileira deve registrar um superávit entre US$ 61 bilhões e US$ 65 bilhões em 2025, de acordo com a FGV. Em novembro, o país teve um superávit de US$ 5,8 bilhões. As exportações cresceram 4,6% em relação a novembro de 2024, enquanto as importações subiram 4,5%. De janeiro a novembro, o superávit acumulado foi de US$ 57,8 bilhões, US$ 11,7 bilhões menor que no mesmo período de 2024. Nesse intervalo, as exportações aumentaram 4,3% em volume e as importações, 7,7%.
O Icomex identificou que o principal motivo para a redução do superávit foi o aumento do déficit comercial com os Estados Unidos, que subiu de US$ 800 milhões para US$ 7,9 bilhões entre janeiro e novembro de 2025, um salto de US$ 7,1 bilhões.
Houve também queda no superávit comercial com a China, que diminuiu de US$ 30,7 bilhões para US$ 27,4 bilhões no mesmo período. Por outro lado, o superávit com a Argentina cresceu US$ 5,1 bilhões, passando de US$ 0,1 bilhão para US$ 5,2 bilhões, enquanto a União Europeia viu seu saldo mudar de superávit de US$ 1,63 bilhão para déficit de US$ 1,2 bilhão.
O relatório do Icomex conclui que Donald Trump superestimou a capacidade dos Estados Unidos de prejudicar as exportações brasileiras. Com a suspensão do tarifaço sobre muitos produtos agropecuários, a negociação está aberta, mas o desafio agora é eliminar as tarifas sobre manufaturados que não foram isentos. Ainda não está claro quais concessões Trump deseja do Brasil, e as incertezas permanecem.
Estadão Conteúdo.
