Rio, 03 – As tarifas impostas pelos Estados Unidos, sob o comando do presidente Donald Trump, afetaram em agosto setores importantes da indústria brasileira, especialmente aqueles ligados à exportação, como madeira, móveis e atividades extrativas, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
André Macedo, gerente da pesquisa, explicou que, já em julho, havia sinais de que essas tarifas influenciariam as expectativas e a produção, mas em agosto essa influência ficou mais evidente em empresas focadas na exportação.
Alguns produtores indicaram a redução da produção como resposta direta ao impacto das tarifas. Na comparação de julho para agosto, a fabricação de produtos de madeira teve queda de 8,6%, o setor extrativo caiu 0,3%, enquanto móveis apresentaram um leve aumento de 0,1%.
Produção industrial em alta
A produção industrial geral do Brasil cresceu 0,8% em agosto em relação a julho, já considerando ajustes sazonais, segundo o IBGE. No entanto, comparando agosto de 2025 com o mesmo mês do ano passado, houve uma queda de 0,7%.
O acumulado do ano registra crescimento de 0,9%, enquanto nos últimos 12 meses houve alta de 1,6%, ligeiramente inferior aos 1,9% observados até julho.
Por outro lado, a produção de bens de capital diminuiu 1,4% no mês, e em relação ao ano anterior caiu 5,0%. A fabricação de bens de consumo subiu 0,8%, embora tenha recuado 4,9% na comparação anual.
Dentre os bens de consumo duráveis, a produção avançou 0,6% em agosto, mas ainda registrou queda de 4,0% comparando ao ano passado. Os bens semiduráveis e não duráveis cresceram 0,9% no período, mas caíram 5,1% em relação ao ano anterior. Já os bens intermediários aumentaram 1,0% ante julho e 2,0% na comparação anual.
Destaques de agosto
O crescimento industrial foi puxado principalmente pelos setores de produtos farmacêuticos (+13,4%), coque e derivados do petróleo (1,8%) e alimentos (1,3%).
Além disso, outros segmentos apresentaram avanço, como impressão e gravação (26,8%), veículos automotores (1,8%), produtos diversos (5,8%), equipamentos de transporte (4,4%) e bebidas (1,7%).
Contudo, alguns setores tiveram recuo, especialmente a indústria química (-1,6%), máquinas e equipamentos (-2,2%), produtos de madeira (-8,6%), artigos de couro e calçados (-3,6%) e atividades extrativas (-0,3%).