Foi divulgado no Diário Oficial do Distrito Federal, nesta terça-feira (21), o acordo de cooperação técnica nº 03/2025 entre a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) e o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Essa parceria tem o objetivo de realizar atividades educativas focadas em direitos humanos e igualdade racial, oferecendo capacitação gratuita para estudantes, professores e funcionários da instituição.
O IDP tornou-se a primeira instituição privada a participar do programa de letramento racial, que visa ampliar ações educativas para combater ofensas raciais dentro do ambiente acadêmico. Essa iniciativa surgiu após casos de racismo na universidade que levaram a uma busca por soluções institucionais.
A principal ação planejada é o curso de letramento racial, que incluirá treinamentos, palestras, eventos e atividades sociais para aumentar a conscientização sobre o racismo estrutural e promover a inclusão.
Laryssa Shneider, 26 anos, estudante de publicidade e propaganda do IDP, compartilhou que ainda sente o impacto do racismo que sofreu no início do ano, quando foi vítima de ataques racistas em um grupo de WhatsApp da faculdade. O agressor foi expulso da instituição.
“Senti-me humilhada, e o pior foi perceber que muitos colegas não entenderam a gravidade do que ocorreu. Pensavam que era apenas uma brincadeira”, contou Laryssa. Outro episódio recente, envolvendo a divulgação de um vídeo com conteúdo elitista e discriminatório por um aluno, ressaltou a importância de ações educativas.
Dados da Secretaria de Segurança Pública do DF indicam que os ambientes escolares foram o terceiro local com mais registros de injúrias raciais em 2024, correspondendo a 10,9% dos casos. Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF revelou que 18% dos estudantes negros sofreram racismo nas escolas, e 59% dos professores relataram que o preconceito mais frequente em sala de aula é relacionado à raça ou etnia.
“O racismo não depende de intenção, mas de falta de conhecimento”, afirmou a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, na assinatura do acordo. “Quando entendemos o impacto das nossas palavras e atitudes, não podemos mais fingir ignorância. O letramento racial é um caminho para criar espaços mais justos, acolhedores e seguros para todos.”
O subsecretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial, Juvenal Araújo, destacou o compromisso do IDP com a prevenção: “A instituição procurou a Sejus para transformar uma situação negativa em uma chance de mudança. Agora, ofereceremos formação contínua para preparar as pessoas não apenas para reagir, mas para prevenir atitudes discriminatórias.”
O curso faz parte do Programa de Letramento Racial, criado pela Sejus-DF em abril deste ano, que já promoveu oficinas e palestras em escolas públicas do DF, atingindo centenas de alunos, professores e servidores. Com esse acordo, o IDP é a primeira instituição privada a integrar oficialmente o programa, que tem planos de expandir para outros espaços educativos, tanto públicos quanto privados.
As ações serão desenvolvidas em conjunto com o Conselho Distrital de Promoção da Igualdade Racial, com o propósito de fortalecer a cidadania, proteger os direitos humanos e construir ambientes mais inclusivos no Distrito Federal.