O Ibovespa voltou a superar a marca dos 138 mil pontos nesta segunda-feira, alcançando o maior fechamento desde 8 de julho. O índice oscilou entre 137.970 e 138.890 pontos durante o dia, fechando com leve alta de 0,04% aos 138.025 pontos, com volume de negociação baixo, cerca de R$ 15 bilhões.
Esse movimento ocorreu após o forte avanço de 2,57% na sexta-feira, influenciado pelo boletim Focus que trouxe projeções internas melhores, resultando em queda nas taxas de juros futuras no Brasil.
Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, destacou que os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicaram a possibilidade de cortes nos juros americanos já em setembro, aumentando o apetite pelo risco global. No entanto, os títulos de longo prazo dos EUA mostraram preocupação com riscos inflacionários futuros.
No mercado doméstico, os bancos exibiram desempenho misto: Banco do Brasil ON caiu 2,20%, Itaú PN teve baixa de 0,51%, enquanto ações de setores cíclicos como Pão de Açúcar e Magazine Luiza cresceram significativamente, respectivamente 8,98% e 3,19%. A Vale e a Petrobras tiveram variações discretas, próximas da estabilidade.
Felipe Paletta, estrategista da EQI Research, ressaltou que a alta do Ibovespa foi moderada, com cerca de 60% das ações fechando em alta, e que a desvalorização do dólar e a expectativa de cortes futuros da Selic sustentam os setores de serviços públicos e consumo discricionário.
Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, mencionou que apesar da alta recente, houve cautela nesta segunda-feira e volume baixo em razão da espera por dados econômicos importantes, como o IPCA-15, que será divulgado em breve.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, enfatizou que o cenário atual mostra uma melhora contínua na inflação projetada, com queda consecutiva de 13 semanas, e que cortes na Selic estão sendo considerados, desde que não haja surpresas negativas no plano fiscal ou comercial do país.
dólar
O dólar à vista caiu 0,2% nesta segunda, fechando em R$ 5,4147, próximo do piso de R$ 5,40, apesar de avanços da moeda no exterior. Fatores que favoreceram o real incluíram o progresso do minério de ferro e petróleo, além da redução das expectativas inflacionárias e sinais políticos, como a possibilidade de candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, às eleições presidenciais de 2026.
A perspectiva de mudanças na política fiscal em 2027 também tem sido vista como positiva para a estabilidade cambial.
Luciano Rostagno, da EPS Investimentos, avaliou que a combinação de expectativa de cortes nos juros americanos com a demora do Banco Central brasileiro para reduzir a Selic cria um diferencial de juros que atrai capital estrangeiro, valorizando o real.
juros
A curva de juros futuros apresentou queda nas taxas de médio e longo prazo, influenciada por melhorias nas expectativas inflacionárias. Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para 2027 a 2031 registraram leves recuos.
Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, apontou que a redução das expectativas de inflação, especialmente para 2027, reforça a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar um ciclo de cortes da Selic ainda este ano.
Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco Pine, destacou que as previsões para a inflação continuam recuando, abrindo espaço para cortes nos juros, conforme o cenário atual indica.
O governador Tarcísio de Freitas também falou sobre a necessidade de discutir um projeto para o país, ressaltando a importância de questões fiscais, inovação e segurança pública.
O mercado permanece atento à divulgação do IPCA-15 em 26 de agosto, previsto para indicar uma leve deflação mensal após alta em julho, o que pode reforçar as expectativas de inflação em queda e influenciar a política monetária.