Risco político volta a ganhar força, com possível saída de Paulo Guedes do governo
A bolsa brasileira opera na contramão do cenário internacional e recua nesta segunda-feira, 17, a repercussão de uma possível saída do ministro da Economia Paulo Guedes. Às 11h07, o Ibovespa, principal índice da B3, caía 0,26% para 101.115 pontos.
No fim de semana, os rumores de que Guedes deixará o governo ganharam força, com o presidente Jair Bolsonaro sinalizando ser contrário ao cumprimento do teto de gastos. “Houve a saída de cargos importantes do ministério da Economia e isso enfraquece a agenda liberal do Paulo Guedes. O mercado aguarda apreensivo como vai ser essa questão do teto de gastos, que é uma pauta que o Guedes sempre defendeu. Então começa a se ventilar até sua saída. O risco político está voltando a ganhar força. Há muitas incertezas”, afirma Gustavo Bertotti.
Para Bertotti, as discussões sobre o teto de gastos devem ganhar ainda mais relevância no mercado nesta semana, tendo em vista a agenda econômica esvaziada nas principais economias do mundo.
No exterior, as bolsas sobem na esteira do mercado chinês, que teve iniciou a semana em alta, após o governo local injetar mais estímulos na economia. “Esse noticiário se sobrepõe às tensões geopolíticas entre Washington e Pequim e às preocupações globais sobre os impactos econômicos do coronavírus”, avalia a equipe de analistas da Exame Research. Nos EUA, o índice S&P 500 sobe 0,25% e o Nasdaq, 0,73%. O índice pan-europeu Stoxx 600 sobe 0,24%, enquanto a bolsa de Xangai fechou em alta de 1,88%.
Apesar do clima positivo nos mercados internacionais Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos vê fatores de risco no médio prazo, como a indefinição do pacote emergencial nos EUA e as eleições americanas, em que o democrata Joe Biden aparece como vencedor nas pesquisas de opinião. “Não que o Biden seja muito negativo, mas deve estressar o mercado se for eleito.”
Destaques
Na bolsa ações com grande peso no Ibovespa, como as da Petrobras e dos grandes bancos são negociadas em queda e ajudam a puxar o índice para baixo, enquanto as da Vale sobem e impedem perdas ainda mais significativas.
Na ponta positiva, lideram os papéis dos frigoríficos, que ainda sentem os efeitos dos balanços fortes divulgados no fim da semana passada. Marfrig sobe 4,9%, Minerva, 4,3% e JBS, 2,5%. As ações da Magazine Luiza também são negociadas no campo positivo, subindo 1,5% na véspera do balanço do segundo trimestre, que será divulgado após o pregão de hoje.