São Paulo, 12 – Após bater recordes históricos no dia anterior, o Ibovespa registrou uma leve queda nesta sexta-feira, refletindo a cautela dos investidores diante de incertezas políticas internacionais. A atenção está voltada para possíveis desdobramentos nos Estados Unidos relacionados à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por envolvimento em trama golpista após a eleição de 2022. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, mencionou que o governo americano responderá a esta situação, embora sem revelar quais medidas serão adotadas.
Com uma agenda econômica tranquila tanto no Brasil quanto no exterior, o índice oscilou pouco durante o pregão e fechou em 142.271,58 pontos, uma queda de 0,61% no dia e de 0,26% na semana. No acumulado do ano, o Ibovespa apresenta alta de 18,28%. A ligeira correção desta sexta-feira reflete a expectativa por uma semana decisiva para o comportamento dos investidores globais em relação ao risco.
Segundo o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, o mercado americano projeta que o Federal Reserve manterá os juros estáveis em 2025, com possibilidade de cortes a partir da próxima reunião devido a sinais de desaceleração no mercado de trabalho e na economia em geral. Se isso ocorrer, espera-se que os juros dos títulos americanos diminuam, o dólar enfraqueça e os ativos de risco, como ações, ganhem força.
No mercado brasileiro, ações com maior exposição à economia americana, como Embraer, tiveram desempenho negativo, assim como papéis de setores sensíveis à economia doméstica. No setor metálico, empresas como Gerdau sofreram quedas significativas, enquanto ações de empresas como RD Saúde, Marfrig e Eneva apresentaram ganhos expressivos.
dólar
O dólar teve forte queda nesta sexta-feira, chegando ao menor nível de fechamento desde junho de 2024. Diferentemente do movimento internacional de valorização da moeda americana, o real se destacou como a moeda emergente com melhor desempenho, impulsionado por uma combinação de fatores, como a expectativa de redução de juros nos EUA e menor percepção de risco político após a condenação de Bolsonaro. Além disso, a perspectiva de estabilização política, com a possível candidatura de Tarcísio de Freitas na eleição de 2026, também contribuiu para a valorização da moeda brasileira.
O Banco Central do Brasil realizou um leilão para rolar dívida externa, o que ajudou a estabilizar o mercado cambial local. O índice das principais moedas globais apresentou leve alta do dólar, mas a moeda americana ainda tende a continuar sua trajetória de enfraquecimento com a iminência de cortes nas taxas de juros americanos.
juros
A curva de juros futuros teve alta modesta nesta sexta-feira, principalmente influenciada pela deterioração nos mercados internacionais de renda fixa. No Brasil, a desaceleração do setor de serviços e os recentes dados econômicos reforçam uma expectativa cautelosa para a política monetária. Dados recentes indicam um consumo das famílias em desaceleração, mas sem sinais alarmantes.
O cenário político, com a condenação do ex-presidente Bolsonaro e a melhora na avaliação do governo atual, não pressionou significativamente os juros futuros. No entanto, os mercados internacionais continuam a influenciar o comportamento local, especialmente pelo aumento nos rendimentos dos títulos públicos americanos.
Nos próximos dias, o mercado estará atento às decisões de política monetária tanto do Federal Reserve quanto do Banco Central do Brasil, além de indicadores econômicos importantes, como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central e a taxa de desemprego. Esses fatores serão decisivos para definir os rumos dos juros e da economia nos próximos meses.
Estadão Conteúdo