O Ibovespa registrou uma leve alta ao final do dia, estendendo sua série de recordes pelo segundo dia consecutivo, fechando acima dos 146 mil pontos. Nesta quarta-feira, 24, com poucas novidades nos negócios, o índice oscilou em uma faixa restrita, entre 146.129,80 e 146.520,72 pontos, iniciando o pregão em 146.428,73 pontos. O volume financeiro foi moderado, ficando em R$ 18,4 bilhões.
Durante a semana, o índice acumula ganho de 0,43%, enquanto no mês o avanço já é de 3,58% e no ano de 21,79%.
Mesmo com uma sessão mais tranquila para as ações dos maiores bancos, com exceção do BTG (Unit +0,04%), o desempenho positivo das principais empresas de commodities, especialmente Petrobras (ON +2,55%, PN +2,26%), ajudou a sustentar o índice em patamares elevados. O preço do petróleo Brent subiu mais de 2%, chegando perto dos US$ 70 por barril. A Vale ON também teve leve alta de 0,38%.
Entre as maiores altas do dia, destacaram-se Cosan (+5,68%), Braskem (+5,12%) e Minerva (+2,35%). Por outro lado, Raízen (-5,98%), Natura (-2,61%) e CVC (-2,42%) apresentaram as maiores quedas.
Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, comentou que a recuperação das ações da Cosan se deve a uma melhora na percepção sobre seu fluxo de caixa a curto prazo, apesar da alavancagem operacional ainda elevada.
Guilherme Petris, operador de renda variável da Manchester Investimentos, observou que o Ibovespa se manteve lateralizado e resistente perto dos 146 mil pontos, apesar de algumas aproximações de queda abaixo dessa linha durante a sessão. O segmento de small caps também apresentou pouca variação, indicando resiliência do mercado.
Nos Estados Unidos, os principais índices fecharam em baixa: Dow Jones caiu 0,37%, S&P 500 recuou 0,28% e Nasdaq caiu 0,33%, refletem o discurso mais cauteloso do Federal Reserve (Fed), que mantém a política monetária dependente dos próximos dados econômicos, conforme ressaltado por Jerome Powell, presidente do Fed.
Luise Coutinho, da HCI Advisors, destacou que a cautela do Fed levou o mercado a reavaliar suas expectativas para os juros americanos.
Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, comentou que o mercado brasileiro teve uma sessão de menor liquidez e permanece aguardando dados econômicos e os desdobramentos da futura reunião entre os presidentes Trump e Lula sobre tarifas comerciais.
Gustavo Cruz, da RB Investimentos, ressaltou que o anúncio de quase US$ 7 bilhões em estímulos na China, focados em tecnologias emergentes, trouxe uma perspectiva positiva distinta para a economia chinesa.
dólar
O dólar teve valorização significativa nesta quarta-feira, em linha com o fortalecimento da moeda americana globalmente. À tarde, atingiu máxima de R$ 5,3310 e fechou em alta de 0,91%, cotado a R$ 5,3274.
Embora o real seja a moeda latino-americana que mais se valorizou no ano, nesta sessão apresentou desempenho inferior a seus pares, devido a um ambiente externo mais desfavorável para divisas emergentes, o que levou investidores a realizarem lucros.
Na véspera, o dólar caiu 1,11%, beneficiando-se do otimismo com a possível redução das tensões entre Brasil e EUA.
Em discurso na ONU, Donald Trump elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando uma “química excelente” em encontro breve nos bastidores, e confirmou reunião entre eles na próxima semana.
André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, explicou que, apesar do recuo recente do dólar, há preocupações com o cenário fiscal doméstico brasileiro, especialmente após dados de arrecadação abaixo do esperado e declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre aumento de impostos.
A reunião da comissão da Medida Provisória 1.303, que propõe alternativas ao aumento do IOF, foi suspensa e a votação ficou prevista para o dia 30. O projeto prevê taxação de 7,5% do imposto de renda sobre rendimentos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), com meta de arrecadação de R$ 10,5 bilhões em 2025 e R$ 21,8 bilhões em 2026.
No exterior, o índice DXY atingiu próximo de 98 pontos, refletindo a valorização do dólar frente a principais moedas. Os rendimentos dos títulos americanos subiram, pressionando moedas emergentes.
O mercado ainda repercute o discurso de cautela do Fed e as recentes declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que sugeriu cortes de juros mais agressivos nas próximas reuniões do banco central.
juros
Os juros futuros no Brasil apresentaram alta moderada, após o otimismo decorrente do provável encontro entre os presidentes Lula e Trump, que ajudou a reduzir pressões externas e internas.
Apesar da agenda econômica doméstica fraca, as declarações cautelosas do Fed elevaram os rendimentos dos Treasuries, o que influenciou a curva de juros americana e também o mercado brasileiro.
As taxas de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para os anos de 2027 a 2031 registraram aumentos discretos no fechamento do dia.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, avaliou que o otimismo com a aproximação entre Lula e Trump ajudou a conter a alta dos juros futuros no Brasil.
Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos, apontou que a elevação moderada dos DIs se deu em um cenário de correção dos Treasuries e ausência de novidades econômicas locais. Ele destacou que a curva brasileira pode se tornar menos correlacionada com a americana até meados de 2026.
Oliveira também comentou que o mercado aguarda desdobramentos políticos e avaliou o pregão como um dia de correção nos juros, apesar das notícias positivas relacionadas ao encontro dos presidentes.
Por fim, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou por unanimidade proposta que isenta do Imposto de Renda salários de até R$ 5 mil, o que também influenciou o ambiente de negócios.
