Índice de Preço ao Produtor dos EUA supera o esperado e alimenta aposta de aperto mais duro do Fed; Euro se firma abaixo de US$ 1
O Ibovespa cai nesta quinta-feira, 14, seguindo as perdas do mercado internacional em meio à preocupação cada vez maior sobre o nível da inflação americana. A solução para conter a alta de preços, que está no maior patamar em 40 anos nos Estados Unidos, para muitos investidores, é o aumento ainda mais forte das taxas de juros.
- Ibovespa: – 2,06%, 95.862 pontos
- S&P 500 (EUA): – 1,64%
- Nasdaq (EUA): – 1,47
- Stoxx 600 (Europa): – 1,60%
O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, divulgado na véspera, saiu em 9,1% no acumulado de 12 meses, superando as estimativas já elevadas do mercado e alimentando as apostas de que o Federal Reserve (Fed) terá que subir o juro americano em 1 ponto percentual na reunião do fim deste mês.
A alta, ainda mais forte do que a anterior, de 0,75 p.p., levaria a taxa básica de juros americana para o intervalo de 2,5% e 2,75%. A probabilidade de que a dose de 1 p.p. seja necessária saltou na véspera para acima de 80%, segundo monitor do CME Group, tornando este o novo consenso do mercado. As apostas de aceleração do ritmo de alta de juros passaram a ganhar força já no fim da última semana, quando dados do payroll, o mais importante do mercado de trabalho americano, saíram acima do esperado.
Nesta quinta, o Índice de Preço ao Produtor americano (PPI, na sigla em inglês) também superou as estimativas do mercado, ficando em 1,1% para o mês de junho ante consenso de alta de 0,8%. Já o PPI de 12 meses voltou a acelerar, de 10,9% (revisado de 10,7%) em maio, para 11,3% de junho.
“É um cenário muito complicado de inflação nos Estados Unidos. A curva de juros segue bastante invertida. Ou seja, o temor de recessão aumenta, com juros longos mais baixos que os curtos. No livro Bege, atualizado ontem, já há sinais de desaceleração”, afirmou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master em morning call desta quinta-feira. “A inflação vai cair, mas vai demorar porque a economia precisa desacelerar.”
Inflação e juros mais altos nos Estados Unidos tem se traduzido em uma corrida frenética para o dólar, principalmente em economias com juros ainda em patamar altamente estimulativo. Na Europa, onde o Banco Central Europeu segue parado diante da maior inflação da história da União Europeia e juros cada vez mais altos no mundo, o euro já é negociado abaixo de US$ 1.
A moeda americana também se valoriza frente ao real, com o dólar sendo negociado no maior patamar desde janeiro, acima de R$ 5,46.
- Dólar: + 1,30% R$ 5,476
- Euro: – 0,86%, US$ 0,9973
Ações em destaque da bolsa
Preocupações sobre altas de juros e seus impactos na atividade econômica penalizam o preço de commodities, com economista prevendo menor demanda. O petróleo brent cai mais de 4%, com o barril sendo negociado próximo de US$ 95. A queda atinge em cheio as petrolíferas da B3. PetroRio e 3R lideram as perdas da sessão, com cerca de 6% de queda. A Petrobras, com maior participação no Ibovespa, supera 3% de queda.
- PetroRio (PRIO3): – 6,35%
- 3R (RRRP3): – 5,49%
- Petrobras (PETR4): – 3,36%
A maior pressão negativa do Ibovespa, no entanto, vem das ações da Vale (VALE3), que desabam 5%, sentindo o peso da desvalorização do minério de ferro. Além das preocupações sobre a desaceleração global, o metal também vem sofrendo com a volta de restrições para conter o coronavírus na China, seu maior consumidor.
- Vale (VALE3): – 4,99%
Entre as maiores quedas ainda estão os papéis da incorporadora Cyrela, que divulgou prévia operacional do segundo trimestre na última noite.
- Cyrela (CYRE3): – 5,26%