Após bater 142 mil pontos pela primeira vez na última sexta-feira (5), o Ibovespa começou a semana em baixa nesta segunda-feira (8), principalmente por causa da queda nas ações dos bancos.
Por volta das 11h20, o índice principal da Bolsa caiu 0,69%, chegando a 141.510 pontos. Já as ações de commodities tiveram alta, influenciadas pelos aumentos nos preços do petróleo e do minério de ferro no mercado externo.
O dólar abriu o dia em queda, mas, na manhã de segunda-feira, voltou a subir em um dia com poucas novidades na agenda econômica. Às 11h24, a moeda americana estava em alta de 0,55%, cotada a R$ 5,445.
Lilian Linhares, sócia e responsável pela Rio Negro Family Office, explicou que a alta no Ibovespa está ligada principalmente às expectativas de redução dos juros nos Estados Unidos, após dados de emprego mais fracos que o previsto na semana anterior afetarem o mercado financeiro americano.
A equipe de analistas da Ágora Investimentos destacou em relatório que o mercado deve continuar essa tendência de alta, com possível alvo próximo de 145.800 pontos.
Entre os temas importantes da semana está a divulgação de dados de inflação dos EUA, que podem influenciar as decisões do Federal Reserve (Fed) no próximo dia 17. Além disso, recomeça o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Suprema Corte brasileira.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar suas atividades na terça-feira com o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que acusa o ex-presidente e outros envolvidos de tentativa de golpe de Estado.
No cenário internacional, os investidores ficam atentos à renúncia do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, fato que pode gerar um período de instabilidade política na terceira maior economia do mundo.
Ishiba, de 68 anos, explicou que sua decisão foi motivada por derrotas eleitorais recentes, após fechar um acordo com os EUA para redução de tarifas sobre produtos japoneses.
Na economia dos EUA, o Boletim Focus mostrou que os economistas mantêm a previsão de alta de 4,85% no IPCA para 2025.
Os índices S&P 500 e Nasdaq começaram a segunda-feira em alta, recuperando-se da queda do pregão anterior, impulsionados pela esperança de que o Fed possa reduzir os juros em breve, devido aos recentes dados de emprego.
Na última sexta-feira, o dólar fechou em baixa, cotado a R$ 5,415, enquanto o Ibovespa teve forte alta, alcançando 142.640 pontos e registrando novo recorde nominal.
Na semana anterior, a Bolsa teve alta de 0,9% e o dólar caiu 0,13%.
Dados recentes mostram que os EUA criaram 22 mil empregos em agosto, menos do que os 75 mil esperados, e a taxa de desemprego ficou em 4,3%, conforme previsto.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, esses dados fortalecem a expectativa de redução dos juros nos EUA, com um ritmo mais rápido de cortes nos próximos meses, dado o risco de desaceleração econômica.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, acrescenta que a queda nos juros pode estimular investimentos na bolsa, melhorando o desempenho dos mercados americano e brasileiro.
Para o câmbio, a diminuição dos juros do Fed costuma atrair investidores para ativos de maior risco, o que impacta positivamente a renda variável em países emergentes.
No mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou a possibilidade de corte de juros na reunião de setembro, embora não tenha se comprometido de forma clara.
Analistas também observam os impactos das incertezas comerciais causadas pelo governo Trump. Na última sexta-feira (29), um tribunal americano considerou ilegais as tarifas impostas de forma recíproca na gestão Trump, mas permitiu que fiquem vigentes até 14 de outubro, para permitir recursos.
Donald Trump pediu uma decisão rápida da Suprema Corte sobre o tema, ressaltando a importância da decisão para o país.
Além disso, Trump tem pressionado pela redução da autonomia do Fed, buscando maior controle sobre o banco central.
Na semana passada, Trump demitiu a diretora do Fed, Lisa Cook. Cook afirmou que Trump não tinha autoridade para isso e entrou com uma ação contra ele, um processo que pode ser decidido pela Suprema Corte.
No cenário doméstico, apesar de poucas novidades, as tensões comerciais entre Brasil e EUA continuam no radar, especialmente em função do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começou esta semana.
Quando Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em julho, ele associou a medida, entre outros fatores, à suposta perseguição a Bolsonaro.
Na primeira semana do julgamento do ex-presidente, foram feitas leituras do relatório, acusações da Procuradoria e defesas dos réus. A sessão será retomada na terça-feira (9) para votação dos ministros do STF.
Ministros do STF esperam que Trump intensifique ataques contra eles devido ao processo.
Enquanto isso, líderes do centrão e da oposição pressionam por um pacote de anistia para beneficiar Bolsonaro. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lidera a mobilização em Brasília.
Na terça-feira à noite, Alcolumbre rejeitou uma anistia ampla e propôs discutir um projeto alternativo.
Segundo líderes do centrão, existem cerca de 300 votos na Câmara a favor de uma anistia geral, suficiente para aprovar a urgência do projeto.