O Ibovespa alcançou um novo recorde nesta terça-feira, subindo para 161 mil pontos pela primeira vez, com alta de 1,56%. O índice oscilou entre 158.611,50 e 161.092,25 pontos, fechando próximo à máxima do dia. O volume financeiro girou em torno de R$ 24,5 bilhões. No acumulado do ano, o Ibovespa já registra ganhos de 33,93%.
O avanço do índice foi impulsionado pelas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que destacou uma boa conversa com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, focada em comércio e sanções econômicas, gerando otimismo no mercado.
Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, o diálogo não abordou a situação na Venezuela, mas sim o combate ao crime organizado e questões comerciais.
Entre as principais ações, Petrobras teve desempenho positivo, mesmo com queda no petróleo. O setor financeiro apresentou alta expressiva, liderado por Santander e Itaú, que fecharam no pico do pregão. A Vale também mostrou valorização no final do dia. Apenas cinco das 82 ações do Ibovespa fecharam em baixa.
O analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, destaca que a pesquisa eleitoral recente, mostrando maior preocupação com segurança pública, influencia positivamente o mercado, que aposta em uma possível redução da taxa Selic no próximo ano.
Nos EUA, os principais índices também fecharam em alta, refletindo o movimento global de otimismo.
A pesquisa AtlasIntel/Bloomberg revelou aumento da rejeição ao governo do presidente Lula, com queda na avaliação positiva. Apesar disso, Lula aparece à frente nas intenções de voto para 2026, seguido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
O especialista em renda variável Rubens Cittadin Neto atribui o recorde do Ibovespa a esta pesquisa e à expectativa sobre o posicionamento do presidente sobre sua possível reeleição em março de 2026, o que traz otimismo ao mercado diante das dificuldades fiscais enfrentadas pelo governo.
dólar
O dólar apresentou queda sólida, fechando abaixo de R$ 5,33. O real teve o segundo melhor desempenho entre moedas emergentes, favorecido por entradas de recursos na bolsa doméstica em dia de forte alta do Ibovespa.
A valorização da moeda brasileira também pode ser atribuída ao avanço nas intenções de voto de Tarcísio de Freitas, que anima o mercado sobre perspectivas de ajuste fiscal futuro.
Operações técnicas e sentimento favorável a cortes de juros nos EUA também contribuíram para a queda do dólar. Especialistas ressaltam a influência do projeto aprovado pelo Senado que estende isenção de imposto de renda para dividendos de 2025, reduzindo pressão sobre a moeda.
O índice que mede a força do dólar frente a outras moedas fortes operava com leve alta, mas as divisas emergentes, como o real, mostraram valorização. No cenário internacional, declarações de Donald Trump indicam movimentações para nomeação da presidência do Fed em 2026, gerando expectativa no mercado.
taxas de juros
As taxas de juros futuros negociadas no mercado local recuaram, acompanhando a curva dos títulos americanos, apoiadas pelos dados fracos da produção industrial e pela queda do dólar.
A aprovação do projeto que amplia tributação sobre fintechs e instituições financeiras também contribuiu para aliviar a pressão sobre as taxas, ao gerar expectativas de aumento de receita para 2026.
As alterações incluem aumento de impostos sobre bets e Juros sobre Capital Próprio, além da elevação da Contribuição Social do Lucro Líquido para fintechs e instituições de pagamento.
Analistas afirmam que a medida traz algum alívio fiscal, mesmo não sendo suficiente para resolver os desafios financeiros do país a longo prazo.
O dado do IBGE mostrou que a produção industrial cresceu apenas 0,1% em outubro, abaixo do esperado, indicando desaceleração econômica no curto prazo, reforçando o cenário de estabilidade ou leve queda da taxa Selic.
A estimativa da XP Investimentos aponta para crescimento quase nulo do PIB no último trimestre do ano, com setores mais relacionados à renda apresentando desempenho melhor que os ligados ao crédito, em linha com a atual política monetária restritiva.
O fluxo de notícias do dia foi favorável às taxas de juros, apesar da recente postura mais dura do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Fonte: Estadão Conteúdo

