O Ibovespa fechou novembro perto dos 160 mil pontos, renovando seu recorde histórico e registrando o melhor desempenho mensal desde agosto de 2024. O índice iniciou novembro próximo a 147 mil pontos e manteve uma sequência de alta por vários dias. Após uma pequena pausa no meio do mês, o índice retomou as altas, encerrando a última sessão com alta de 0,45% em 159.072,13 pontos, o que representa uma valorização mensal de 6,37%.
Durante o dia, o Ibovespa abriu em 158.357,61 pontos, com oscilações ao longo da sessão e alcançando a máxima intradia em 159.689,03 pontos. No ano, o índice acumula ganho de 32,25%. O volume financeiro negociado na sexta-feira foi de R$ 25,2 bilhões. Na semana, o índice subiu 2,78%, recuperando-se após a queda anterior e deixando claro o interesse dos investidores na Bolsa brasileira.
Quando medido em dólar, o Ibovespa atingiu aproximadamente 30 mil pontos, refletindo também a valorização do real frente à moeda americana. Apesar do índice estar acima do pico pré-pandemia, ele ainda está distante dos níveis alcançados em 2008. Para retornar a esses patamares em dólares, o Ibovespa precisaria alcançar cerca de 240 mil pontos em termos nominais, o que não é esperado no curto prazo.
O mercado ajusta suas expectativas para as próximas semanas. Segundo o Termômetro Broadcast Bolsa, a previsão de queda para o próximo período aumentou para 55,56%, enquanto a expectativa de alta caiu para 22,22%, indicando maior cautela entre os investidores.
Na sexta-feira, apesar do Ibovespa alcançar máximas históricas, as ações da Petrobras tiveram queda após o anúncio do Plano de Negócios 2026-2030, com redução no investimento projetado. As ações ordinárias (ON) caíram 2,45% e as preferenciais (PN) 1,88%. Por outro lado, as ações da Vale ON subiram 1,61%, e os papéis dos principais bancos avançaram até 2,28%, com destaque para o Itaú PN, o maior peso do setor financeiro no índice.
Entre as maiores altas do dia, destacaram-se Naturae (+4,54%), MRV (+3,33%) e Yduqs (+2,79%). No lado contrário, Assaí (-6,06%), Hapvida (-6,00%) e C&A (-5,03%) tiveram quedas significativas.
Bruna Centeno, economista e advisor na Blue3 Investimentos, comentou que o Ibovespa atingiu níveis elevados mesmo com o aumento da curva de juros futuros, impulsionado pelos setores bancário e de commodities, exceto Petrobras. Destacou que, embora o plano da Petrobras tenha apresentado cortes moderados nos investimentos, há preocupações com dividendos abaixo do esperado, o que impactou negativamente as ações.
Gabriel Mota de Souza, sócio da Manchester Investimentos, observou que o mercado aguardava cortes no curto prazo no Capex da Petrobras, mas os ajustes relevantes ocorreram no longo prazo. Ele comentou também que o baixo preço do petróleo Brent, referência global, tem gerado preocupação entre investidores.
dólar
O dólar fechou o último pregão de novembro em queda de 0,32%, cotado a R$ 5,3348, após oscilar durante o dia em sessão com liquidez reduzida por fatores como o feriado nos EUA e eventos de fechamento de mês. A valorização do real é influenciada pela expectativa de cortes nos juros americanos e melhora no sentimento global, favorecendo moedas emergentes e reforçando o fluxo estrangeiro para a Bolsa brasileira.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, explicou que a queda do dólar está relacionada a correções técnicas e ao cenário externo favorável. Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Advisors, ressaltou que o pregão teve movimentação intensa por conta da formação da Ptax e do maior fluxo para o mercado.
Fatores como dados abaixo do esperado, discussões fiscais e avaliação de rating estável para o Brasil contribuíram para o cenário cambial, que tende a buscar níveis mais baixos em dezembro, na avaliação do mercado.
Bruno Shahini, especialista da Nomad, destacou que o apetite por risco global ajudou o real a se valorizar frente ao dólar.
juros
Os juros futuros negociados na B3 fecharam em alta impulsionados por dados domésticos positivos de emprego, que indicam mercado do trabalho resiliente. As taxas curtas e médias chegaram a máximas intradia após a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, que mostrou queda na taxa de desemprego em outubro para 5,4%, um recorde histórico desde 2012.
Gean Lima, gestor da Connex Capital, afirmou que a curva indica cerca de 73% de chance de redução da Selic em 0,25 ponto em janeiro. Apesar da alta dos juros na sessão, há expectativa de corte, refletida também na movimentação dos títulos americanos, que operaram em horário reduzido devido ao feriado de Ação de Graças.
De modo geral, os economistas do Santander comentaram que o cenário econômico sugere uma desaceleração gradual da atividade no segundo semestre, o que justifica ajustes nas taxas de juros.
João Freitas, estrategista da Toro Investimentos, apontou que a liquidez reduzida influenciou a alta dos DIs, porém o mercado continua apostando em cortes futuros dos juros pelo Banco Central e pelo Fed.
O relatório destaca ainda que, apesar do desemprego estar em níveis baixos, a geração de empregos formais desacelerou, o que reforça a expectativa de cortes nos juros para estimular a economia.

