O Ibovespa, índice que mede o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), teve um dia positivo nesta segunda-feira, alcançando novos recordes tanto durante o pregão quanto no fechamento. Embora não tenha mantido o patamar de 144 mil pontos ao final da sessão, o índice chegou a atingir 144.193,58 pontos, superando o recorde anterior de 144.012,50 pontos registrado na última quinta-feira.
No fechamento, o Ibovespa subiu 0,90%, fechando em 143.546,58 pontos, partindo de uma mínima de 142.292,21 pontos no início do dia. Em setembro, o índice acumula alta de 1,50%, elevando os ganhos anuais para aproximadamente 19,34%. O volume financeiro negociado nesta segunda-feira foi de R$ 17 bilhões.
Entre as ações que mais valorizaram, destacam-se Magazine Luiza (+7,41%), Yduqs (+6,72%) e Cogna (+4,45%), que estão relacionadas ao consumo interno. Por outro lado, RD Saúde (-3,93%), Minerva (-2,56%) e Banco do Brasil (-2,20%) tiveram desempenho negativo.
Nos bancos, o Banco do Brasil registrou queda, enquanto o Itaú PN subiu 1,66%. A Vale ON valorizou 0,88%, e a Petrobras apresentou ganhos de 1,45% na ação ON e 0,87% na PN.
Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, comentou que o Brasil teve desempenho superior ao índice de mercados emergentes, mesmo com a queda global do dólar.
O dólar comercial iniciou o dia em torno de R$ 5,30 e encerrou em baixa de 0,61%, cotado a R$ 5,3217.
Desde o final de agosto, o Ibovespa vem renovando suas máximas, impulsionado pela expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos, que será definida na reunião do Federal Reserve nesta quarta-feira.
Alison Correia, analista e sócio-fundador da Dom Investimentos, destacou que a confiança crescente no corte da taxa de juros americana tem motivado os investidores a assumirem mais riscos. Ele também ressaltou melhorias nas projeções para inflação e câmbio no Brasil.
No entanto, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou contração de 0,53% em julho, um resultado pior do que o esperado.
Além da decisão do Fed, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil deve manter a taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião. Entretanto, a expectativa de queda nas taxas de juros nos EUA pode sinalizar para futuras reduções nos juros domésticos, conforme indica o Boletim Focus desta semana.
Desde 29 de agosto, o índice da Bolsa brasileira continuou a superar suas máximas, registrando novos recordes em 5, 11 e 15 de setembro, se aproximando novamente da marca de 144 mil pontos.
O Boletim Focus indicou uma leve redução nas projeções de inflação para os próximos anos e pela primeira vez mostrou a previsão da Selic para 2026 em baixa, de 12,50% para 12,38% ao ano.
Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, comentou que, com a proximidade da reunião decisiva do Fed e do Copom, o mercado já começa a precificar mudanças nas políticas monetárias futuras.
Dólar
O dólar apresentou queda consistente na abertura da semana, influenciado pelas expectativas de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros americana pelo Federal Reserve nesta quarta-feira.
O real foi a moeda emergente com melhor desempenho, impulsionado por investimentos na renda fixa e na Bolsa brasileira. O Ibovespa renovou seu recorde intradia acima de 144 mil pontos.
Analistas ressaltam que o provável corte de juros nos EUA combinado com a manutenção da Selic em 15% amplia o diferencial de juros entre os países, atraindo investidores para operações de carry trade.
O dólar à vista fechou em R$ 5,3217, menor valor desde junho de 2024, e acumula queda de 1,85% em setembro e quase 14% no ano.
Luciano Costa, economista-chefe da corretora Monte Bravo, atribui a valorização do real ao aumento do diferencial de juros e perspectiva de corte de juros nos EUA.
Ele destacou que a valorização do real favorece o carry trade e a entrada de capital estrangeiro no mercado acionário brasileiro.
O IBC-Br de julho apresentou desempenho mais fraco que o esperado, com queda mensal de 0,53%, pressionando os indicadores econômicos.
Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine, explicou que a fraqueza global do dólar explica parte significativa da valorização do real neste ano, junto com ganhos nos termos de troca e redução do risco-país.
Ele prevê continuidade da valorização do real nos próximos meses, com o dólar podendo chegar a R$ 5,25 em outubro.
Juros
Os juros futuros também registraram queda nesta segunda-feira, influenciados pela contração da atividade econômica e pela expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos.
O mercado espera que o Copom mantenha a Selic em 15%, mas há chances crescentes de redução futura devido à melhora das projeções de inflação.
Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, afirmou que o dado do IBC-Br não alterou significativamente as apostas para cortes da Selic, mas que a taxa pode ser reduzida em 2026.
O real valorizado diante do dólar ajuda a moderar a inflação, diminuindo a necessidade de juros altos.
Concluindo, o cenário econômico atual no Brasil combina uma Bolsa em alta, moeda valorizada e juros futuros em queda, impulsionados tanto por fatores internos como pela expectativa de política monetária mais flexível nos Estados Unidos e condições domésticas mais estáveis.