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terça-feira, 30/09/2025




ibovespa bate nova máxima apesar da baixa no petróleo

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São Paulo, 29 – O Ibovespa começou a semana alcançando mais uma vez um novo recorde intradiário, chegando pela manhã a 147.558,22 pontos. No fechamento, o índice da B3 teve um ganho mais moderado de 0,61%, ficando em 146.336,80 pontos, perto de atingir uma nova marca para o encerramento, embora sem superar o pico da última quarta-feira, que foi de 146.491,75 pontos. Com o início dessa semana, continua uma sequência de recordes para o Ibovespa, iniciada exatamente há um mês, em 29 de agosto.

Hoje pela manhã, o índice abriu em 145.446,71 pontos e operou sempre em alta, na expectativa dos possíveis diálogos entre os presidentes Donald Trump e Lula sobre as tarifas aplicadas pelos EUA ao Brasil, além da expectativa pelos dados econômicos dos EUA, em especial o relatório de empregos que será divulgado na sexta-feira.

No acumulado do mês, que termina na terça-feira, o Ibovespa registra alta de 3,48%, após um aumento de 6,28% em agosto – o melhor resultado mensal desde agosto do ano passado (6,54%). Se a elevação de 3,5% em setembro se confirmar, será a melhor performance mensal desde 2019 (3,57%) ou 2017 (4,88%). O volume financeiro movimentado nesta segunda-feira foi de R$ 18,1 bilhões. No ano, o Ibovespa acumula valorização de 21,66%.

Entre os ativos globais, o petróleo foi destaque negativo, com queda superior a 3% em Nova York e Londres devido à expectativa de aumento da oferta pela Opep+ em novembro, fato que pressionou as ações da Petrobras (ON -1,89%, PN -1,36%), diferentemente das outras grandes empresas da B3. A Vale ON subiu 0,33%. No setor bancário, o Bradesco teve aumento de 1,26% na ON e 1,02% na PN. Entre os maiores ganhos do Ibovespa estão Eletrobras (PNB +4,30%, ON +3,93%) e CSN Mineração (+3,95%). Em contrapartida, Braskem (-5,13%), Magazine Luiza (-5,09%) e Vamos (-2,99%) apresentaram as maiores quedas.

Felipe Paletta, estrategista da EQI Research, destacou que a semana iniciou bem, com revisões para baixo nas projeções do IPCA para 2025 e 2026, segundo o boletim Focus, o que reforça a expectativa de que a taxa Selic deve começar a ser reduzida pelo Banco Central em breve. “Esse processo contínuo de revisão das expectativas de inflação sustenta a ideia de que os cortes na Selic ocorrerão no início do próximo ano”, acrescentou.

Outro ponto mencionado é a baixa geração de empregos formais no Brasil em agosto, com dados do Caged abaixo do esperado, que também reforça a percepção de que os cortes na Selic podem acontecer mais cedo, segundo o estrategista.

Raphael Figueredo, estrategista de ações da XP, comentou que o Ibovespa refletiu o movimento de maior apetite ao risco e o ajuste cambial, com o dólar caindo para R$ 5,32, uma queda de 0,30%, impulsionados pelo carry trade. Esse cenário tem favorecido também ações cíclicas na B3, impulsionando o índice para uma nova máxima intradiária mesmo em uma segunda-feira com agenda econômica relativamente tranquila.

“Estamos atentos ao relatório de empregos de sexta-feira, pois o mercado brasileiro, assim como outros emergentes, tem grande influência do fluxo de capital estrangeiro, num momento em que o dólar está se ajustando devido às decisões do Fed em relação a cortes de juros nos EUA”, destacou Figueredo.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, acrescentou que os dados de emprego que serão divulgados na sexta-feira serão fundamentais para as expectativas em relação às duas últimas reuniões de política monetária do Federal Reserve ainda programadas para este ano. Ele ressaltou ainda que o PIB americano do segundo trimestre surpreendeu positivamente, gerando dúvidas no mercado sobre quantos cortes de juros serão efetivamente feitos.

dólar

O dólar iniciou a semana em queda no mercado brasileiro, porém manteve-se acima de R$ 5,30 pelo quarto pregão consecutivo. Esse movimento refletiu a desvalorização da moeda americana no cenário global, influenciado pelo impasse orçamentário que ameaça paralisar o governo dos EUA e pela expectativa de novos cortes de juros pelo Federal Reserve.

Com mínima de R$ 5,3057, o dólar à vista fechou a segunda-feira, 29, em baixa de 0,30%, cotado a R$ 5,3057. No mês de setembro, a moeda acumula queda de 1,84% e no ano, perda de 13,88%. Na terça-feira, a rolagem de contratos futuros e a disputa pela última Ptax de setembro devem aumentar a volatilidade.

O real apresentou o melhor desempenho entre as moedas de emergentes da América Latina. Operadores do mercado citam o otimismo gerado pelo encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, assim como a postura firme do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento realizado em São Paulo.

A expectativa de manutenção da Selic em 15% até pelo menos o início de 2026 sustenta operações de carry trade, especialmente com o alívio monetário nos EUA. Dados ruins do Caged em agosto não influenciaram o câmbio.

Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, afirmou que o mercado mantém otimismo em relação a um novo corte do Fed em outubro, apesar de indicadores positivos. Comentou que o carry trade brasileiro continua muito elevado, o maior entre os países do G20, mas alertou para o otimismo exagerado em relação às negociações entre Trump e Lula, sugerindo cautela.

O índice do dólar (DXY) sofreu leve queda, ficando pouco abaixo dos 98.000 pontos. O iene valorizou mais de 0,60% após um dirigente do Bank of Japan sinalizar aumento da taxa de juros. Apesar da queda de 3% no petróleo devido à expectativa de aumento na oferta e possível cessar-fogo na Faixa de Gaza, moedas de países emergentes resistiram à pressão.

Segundo o economista-chefe da Western Lima, Adauto Lima, fatores externos continuam determinando o comportamento do dólar aqui. Ele alertou que o impasse no orçamento do Congresso dos EUA, que pode paralisar o governo na quarta-feira, deve causar novo estresse no mercado. O Bureau of Labor Statistics informou que o relatório de empregos de setembro, previsto para sexta-feira, 3, pode ser adiado.

“A paralisação do governo pode afetar a atividade econômica americana. O Fed está mais preocupado com a atividade, especialmente com o mercado de trabalho. Na semana passada, os dados foram superiores ao esperado”, afirmou Lima.

O economista prevê que os cortes iniciados pelo Fed levarão a taxa básica, atualmente entre 4,25% e 4,50%, para algo entre 3,50% e 3,75%, seguido por uma pausa. “O foco agora é na atividade, pois a inflação ainda está distante da meta”, acrescentou. Lima vê espaço para o real se valorizar, porém em ritmo mais lento: “Seria necessário um recuo maior do dólar no exterior para que o real ganhe força significativamente.”

juros

Os contratos futuros de juros se afastaram do cenário mais tranquilo do ambiente externo e da queda do dólar à tarde, revertendo a tendência de baixa observada até o início da tarde. A reversão ocorreu por volta das 15h, logo após a divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de agosto, que veio significativamente abaixo do esperado, mas não impediu que os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) atingissem máximas intradiárias em toda a curva.

Ao final do pregão, a taxa do DI para jan/2027 subiu de 14,037% na sexta para 14,065%. O DI para jan/2028 avançou a 13,385%, ante 13,338%. O DI para jan/2029 subiu de 13,231% para 13,290%. O DI para jan/2031 marcou 13,485%, contra 13,432% no ajuste anterior.

Segundo participantes do mercado, embora seja difícil identificar um motivo específico para a piora no mercado de renda fixa, a manutenção da moeda americana em terreno negativo sugere que mensagens conservadoras de autoridades do Banco Central, em meio a expectativas inflacionárias desancoradas, podem ter pressionado a curva hoje.

Além disso, ruídos na comunicação do governo também podem ter neutralizado um possível alívio pelo Caged abaixo do esperado: semana passada, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, já havia indicado que os dados de agosto seriam fracos, o que pode ter aumentado a dispersão nas projeções, segundo um agente ouvinte da Broadcast.

No mês anterior, foram criadas 147.358 vagas formais, contra 134.251 em julho. A mediana das projeções da Broadcast indicava 182 mil vagas para agosto. Pouco antes da divulgação do Caged, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, reforçou que o BC está desconfortável com o mercado de trabalho aquecido e a desancoragem das expectativas inflacionárias, em evento do HSBC. Segundo Guillen, o incômodo do Copom está ligado principalmente à inflação de serviços, que é resistente por ter maior correlação com o hiato do produto.

Mais cedo, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, repetiu que a desancoragem das estimativas de inflação do mercado “incomoda bastante”.

Para o diretor de Investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, Marco Antonio Mecchi, não houve aumento no tom das comunicações do BC em relação a discursos recentes. No entanto, a postura mais restritiva dos representantes do BC contrapõe o Caged mais fraco e reforça a percepção de que a Selic deve permanecer alta por mais tempo. “Parece que o BC está bastante preocupado com o mercado de trabalho, que está superaquecido. A taxa de desemprego ficou em 5,6% em julho, e isso está refletido na curva, que teve ajustes moderados hoje”, avaliou Mecchi.

No cenário da Azimut, o primeiro corte da Selic ocorrerá em março de 2026. Mecchi comentou que alguns no mercado acreditam que o maior diferencial de juros em relação aos EUA, que ajuda a controlar o câmbio, pode permitir que o BC reduza a taxa mais cedo, mas ele discorda, justamente pelo mercado de trabalho resistente.

A economista-chefe e fundadora da Buysidebrazil, Andrea Damico, destacou que, apesar do dado geral mais fraco, os salários médios na admissão e demissão registrados pelo Caged ainda foram altos. O salário admissional real médio alcançou R$ 2.281, um aumento de 0,9% em relação a agosto de 2024, e o salário demissional real médio cresceu 0,5%, para R$ 2.359. Damico também ressaltou que as declarações mais conservadoras de Guillen hoje podem ter pressionado a curva no segundo turno do pregão.




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