O Ibovespa atingiu um novo recorde histórico ao superar os 144 mil pontos durante a sessão, fechando o dia em alta com 143.150 pontos. A alta ocorreu em meio a um cenário global positivo, apoiado por dados recentes do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que indicam a possibilidade de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana.
Durante o pregão, o índice oscilou entre 142.349 e 144.012 pontos, terminando com um aumento de 0,56% e volume financeiro de R$ 24,5 bilhões. No acumulado da semana, o Ibovespa subiu 0,36%, e no mês já registra ganho de 1,22%. No ano, o avanço é de 19,01%.
As recentes informações sobre o mercado americano, incluindo o aumento nos pedidos semanais de seguro-desemprego, reforçam as expectativas de cortes nos juros americanos até o final do ano, o que também impacta positivamente os rendimentos da renda fixa brasileira. A próxima decisão de juros, tanto nos EUA quanto no Brasil, acontece na próxima semana, na chamada superquarta.
No mercado de ações, algumas empresas apresentaram desempenho expressivo: Magazine Luiza subiu 8,11%, Vivara 4,99% e Cyrela 4,91%. Por outro lado, Pão de Açúcar teve queda de 5,39% e Caixa Seguridade caiu 2,46%. O setor bancário teve movimentos mistos, com destaque para Santander que subiu 1,08%, enquanto o Itaú fechou praticamente estável.
Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) registrou alta de 0,4% em agosto, ligeiramente acima do esperado, mas o núcleo do CPI que exclui itens voláteis ficou dentro da previsão. Esses dados indicam que o Fed pode reduzir os juros na próxima reunião, conforme avaliação de especialistas como Luise Coutinho, chefe de produtos da HCI Advisors.
Segundo Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, a bolsa brasileira abriu em alta motivada pela expectativa de cortes nos juros e dados econômicos favoráveis, enquanto o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro teve impacto limitado nos preços dos ativos.
Anderson Silva, sócio da GT Capital, destaca que mesmo com uma inflação ao consumidor mais alta que o esperado, o mercado entende que a piora no emprego nos EUA aumenta a probabilidade de cortes de juros ainda este ano.
No mercado cambial, o dólar fechou em queda de 0,27%, a R$ 5,3922, influenciado pela desvalorização da moeda americana no exterior e pela expectativa de redução de juros nos EUA. Esse foi o menor valor de fechamento desde agosto de 2024. O real se destacou como a moeda latino-americana com melhor desempenho no ano, embora tenha apreciado menos do que algumas outras moedas da região.
O julgamento do ex-presidente Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal segue gerando incertezas, o que contribui para a cautela dos investidores. No entanto, os especialistas observam que os dados econômicos têm assumido papel mais importante na definição dos preços dos ativos.
Em relação aos juros futuros no Brasil, houve uma alta moderada no final do pregão, influenciada pelo contexto político e pelo cenário externo. As taxas para os contratos de depósitos interfinanceiros (DI) apresentaram leve aumento, refletindo a pressão exercida pelos eventos recentes e a pesquisa Datafolha, que indicou crescimento na aprovação do governo atual.
Especialistas, como Nicolas Borsoi da Nova Futura Investimentos, acreditam que o foco do mercado segue na avaliação da fraqueza do mercado de trabalho americano e nas expectativas de cortes de juros pelo Fed, apesar da pressão inflacionária observada.
O comércio varejista brasileiro apresentou resultados mistos em julho, com queda no varejo restrito e alta no comércio ampliado. Essas informações reforçam o cenário de atividade econômica mais fraca, mas dentro das expectativas do Banco Central, o que mantém os juros de curto prazo ancorados.
Em resumo, o Ibovespa segue em trajetória de alta puxada pela expectativa de redução das taxas de juros nos Estados Unidos, cenário de aprovação governamental estável e uma conjuntura política que ainda gera cautela, mas não impede o avanço do mercado.