O hospital Imam Khomeini, localizado em Teerã, enfrentou uma situação de alta demanda de pacientes feridos desde sexta-feira (13/6). Na noite de domingo (15/6), o número de casos graves aumentou significativamente devido a uma nova série de ataques realizados por Israel na capital iraniana, levando a emergência do hospital a enfrentar um verdadeiro ‘banho de sangue’, segundo um médico da unidade.
“Foi uma cena caótica e dolorosa, com gritos de familiares aflitos e dezenas de pessoas com ferimentos graves, leves e até vítimas fatais,” relatou um médico da emergência, que preferiu manter o anonimato, ao jornal The Guardian na segunda-feira (16/6).
Com o confronto entre Israel e Irã entrando no seu quarto dia, os hospitais iranianos viram um aumento súbito no número de feridos, pressionando as equipes médicas e esgotando seus recursos. A equipe hospitalar descreveu imagens de desordem sangrenta e um fluxo crescente de pacientes em meio ao intensificado bombardeio israelense.
“Vi crianças, adolescentes, adultos e idosos. Mães sangrando intensamente corriam com seus filhos feridos por estilhaços,” disse o médico, acrescentando que alguns pais só perceberam suas próprias feridas após garantir a segurança dos filhos.
Entre os ferimentos registrados estavam fragmentos de metal incrustados nos ossos da coxa e nas articulações do quadril, hemorragias internas e queimaduras severas. Muitos pacientes foram atingidos por estilhaços quando uma bomba israelense explodiu perto deles.
Os confrontos começaram depois que Israel realizou centenas de ataques aéreos contra alvos iranianos na sexta-feira de manhã, com o objetivo declarado de impedir que o Irã desenvolvesse armamentos nucleares. O Irã respondeu com mísseis e ataques com drones, com a violência entre os dois países aumentando desde então.
Autoridades iranianas informaram que até segunda-feira, 1.277 pessoas foram hospitalizadas em toda a rede universitária do país, das quais 224 perderam a vida.
O médico do Imam Khomeini acredita que o número real de mortos pode ser maior. Em seu hospital, mais leitos foram destinados à unidade de terapia intensiva, enquanto pacientes com ferimentos menos graves foram transferidos para outras clínicas.
A equipe da UTI recebeu ordens para não divulgar o número de feridos ou vítimas nas redes sociais, e a situação está sendo rigorosamente controlada pelos chefes dos departamentos. Um jornalista local relatou que as autoridades negaram pedidos de informações oficiais sobre o número de vítimas.
O porta-voz do Ministério da Saúde iraniano, Hossein Kermanpour, afirmou que mais de 90% das vítimas eram civis. Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques israelenses estavam direcionados exclusivamente a alvos ligados ao governo iraniano.