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sábado, 11/10/2025

Hospitais do DF oferecem cuidado e respeito no fim da vida

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Neste sábado (11), Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, o IgesDF destaca um valor essencial: todo ser humano merece ser tratado com dignidade até o último momento de vida.

As UPAs do Núcleo Bandeirante, Vicente Pires e Ceilândia I começaram a oferecer atendimento em cuidados paliativos, realizado por médicos especializados.

No Hospital Cidade do Sol, o serviço foi ampliado com uma equipe multidisciplinar que garante apoio completo e acolhedor a pacientes em estado grave ou sem possibilidade de cura, prezando pelo conforto e bem-estar.

O cuidado em cada gesto

O dia a dia no HSol é cheio de atenção e carinho. A paciente Severina Mendes da Silva, de 77 anos, com Parkinson em fase avançada, está internada há três meses. A nora dela, Helena Costa Falcão, destaca que o tratamento supera os cuidados médicos.

“Todos são muito atenciosos, conversam e ouvem. Minha sogra está consciente e seus desejos são respeitados aqui no hospital. Quando pede doces como doce de leite, arroz-doce com canela ou até sorvete no calor, eles sempre atendem. É um acolhimento que traz conforto para toda a família”, relata Helena.

A fonoaudióloga e chefe da equipe multidisciplinar, Camila Alencar Frois, explica que atender a esses pequenos desejos faz parte do tratamento: “Essas vontades trazem conforto. Tudo é avaliado pelo nutricionista, mas buscamos que os pacientes se sintam bem ao máximo possível.”

Camila ainda arruma tempo para pintar as unhas das pacientes. “Elas escolhem a cor e eu faço com muito carinho. É um momento de vaidade, de resgatar a identidade. Já sou a manicure oficial delas”, diz brincando.

Equipe que acolhe com o coração

O hospital tem dez leitos dedicados a cuidados paliativos para pacientes no fim da vida, incluindo pacientes com câncer e outras doenças. A maior parte dos pacientes tem mais de 80 anos, e já foram recebidos pacientes centenários. A equipe reúne psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas que, junto às famílias, elaboram planos de cuidado focados no bem-estar e autonomia do paciente.

Para a gerente-geral do hospital, Julia Gurgel, o projeto mudou a visão dos profissionais sobre o cuidado: “Aprendemos que acolher é um exercício diário. Às vezes a família entende a situação, no dia seguinte volta cheia de dúvidas e medo. E estamos aqui para acolher quantas vezes forem necessárias. Isso nos humaniza e ensina que cuidar não é só salvar vidas, mas também aliviar a dor com respeito.”

A enfermeira responsável pela ala de paliativos, Adália Gonçalves, destaca a empatia: “Poderia ser minha mãe ou meu avô. Cuidamos para que o último momento seja o mais confortável possível.”

Como o serviço funciona

O atendimento é destinado a pacientes de várias idades que precisam de cuidados paliativos. A triagem é feita com a ferramenta internacional SPICT, que avalia quem pode receber esse tipo de acompanhamento.

Quando indicado, a equipe especializada é acionada. Nas unidades com médicos paliativistas fixos, o atendimento é presencial. Nas outras, o suporte acontece por teleconsulta, permitindo avaliações clínicas e encontros virtuais com familiares, aumentando o acolhimento e a integração da equipe com a família.

“Parte dos pacientes consegue se recuperar e voltar para casa. Outros permanecem conosco até o fim, sempre com respeito e dignidade.” — Arthur Luz, chefe do Núcleo de Cuidados Paliativos do IgesDF

Nos casos mais graves, o paciente é encaminhado ao HSol, onde o foco está no conforto. A equipe controla sintomas e adota medidas proporcionais ao quadro clínico, oferecendo um ambiente acolhedor com atenção especializada e humana. Arthur Luz complementa: “Alguns pacientes melhoram e retornam para casa, outros ficam conosco até o fim, sempre com respeito e dignidade.”

O cuidado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM)

No HRSM, uma equipe dedicada trabalha 24 horas para atender esses pacientes. É formada por uma enfermeira paliativista e médicos, que avaliam e respondem aos pedidos das equipes de assistência.

Segundo a enfermeira Léia Lima, “Muitos chegam buscando atendimento e descobrem uma doença em estágio avançado. A partir daí, iniciamos o acompanhamento e oferecemos suporte para paciente e família até que seja encaminhado para o Hospital de Apoio de Brasília ou para o HSol.”

Apesar de ser um serviço recente, já apresenta bons resultados. Em três meses houve redução de internações em UTIs para pacientes sem indicação, além de diminuição de procedimentos desnecessários.

“Oferecemos um espaço adequado, com atenção especializada e humana. Isso evita procedimentos invasivos e traz qualidade de vida. Nosso trabalho é aliviar, ouvir e estar presente”, destaca Arthur.

O Instituto planeja expandir o serviço nos próximos meses. “Queremos fortalecer as teleconsultas e incluir mais profissionais paliativistas para garantir que todas as unidades tenham suporte técnico e humano”, afirma o especialista.

*Informações do IgesDF

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