O diagnóstico de tumor cerebral, especialmente em estágios avançados, está entre os mais desafiadores e sensíveis da medicina. Um dos tipos mais agressivos é o glioblastoma, um tumor de rápido crescimento que requer tratamento intenso.
Esse foi o caso enfrentado pelo britânico Elliot Godfrey, de 42 anos, que identificou o tumor após começar a sofrer crises severas de dores de cabeça. Morador de Waddesdon, na Inglaterra, Elliot passou a sentir essas dores em março, pouco tempo após retornar de uma viagem ao México com sua família.
Inicialmente, ele relacionou os sintomas ao estresse e cansaço da rotina com um bebê recém-nascido. Foi somente durante a comemoração do primeiro aniversário do seu filho, Aein, que amigos próximos perceberam seu desconforto e o incentivaram a procurar ajuda médica. Em abril, exames confirmaram o diagnóstico de glioblastoma de alto grau, um dos tumores cerebrais mais letais.
O que é o glioblastoma?
O glioblastoma de alto grau, também conhecido como glioblastoma multiforme (GBM), é um tipo agressivo de tumor cerebral originado das células gliais, que sustentam e protegem os neurônios.
Classificado como tumor de grau IV, o mais maligno, ele cresce rapidamente e invade tecidos cerebrais saudáveis ao redor, o que dificulta o tratamento.
Os sintomas dependem da localização do tumor, mas geralmente estão ligados ao aumento da pressão intracraniana causada pelo crescimento do tumor.
As causas do glioblastoma ainda são pouco compreendidas, o que torna a prevenção e o diagnóstico precoce um desafio para a medicina.
Cirurgia e tratamento intenso
Elliot, ex-jogador profissional de golfe e atualmente empresário na área de simulação esportiva, passou por uma cirurgia delicada para remover cerca de 95% do tumor. Após o procedimento, submeteu-se a semanas rigorosas de radioterapia e quimioterapia.
“Os médicos me deram 20% de chance de morrer durante a cirurgia. As chances de sobrevivência e a realidade de viver com o tumor foram realmente difíceis”, relatou Elliot.
O momento mais difícil veio ao retornar para casa, onde encontrou uma lembrança da festa do aniversário do filho ainda no ambiente. “Sentei e pensei: ‘Será que vou conseguir ver dois ou quatro aniversários?’ Quero estar aqui pelo maior tempo possível por ele”, lembrou.
Além do impacto físico, Elliot comentou sobre o peso emocional da doença, tanto para ele quanto para seus familiares. “Uma das coisas mais difíceis é processar tudo sozinho e ver as pessoas que você ama sofrendo. Você acaba se sentindo culpado, como se tivesse decepcionado todos”, desabafou.
Tratamentos e pesquisas
O tratamento padrão para glioblastoma começa com a cirurgia para retirada do máximo possível do tumor, seguida de radioterapia e quimioterapia diária por cerca de seis semanas. A radioterapia tem como objetivo eliminar células tumorais remanescentes que não foram removidas cirurgicamente.
No entanto, a agressividade da doença é grande: o tumor pode dobrar de tamanho em apenas sete semanas. Elliot está concluindo o primeiro ciclo de tratamento, mas segue atento a novas opções terapêuticas.
Arrecadação para tratamentos experimentais
No mês anterior, Elliot iniciou uma campanha para arrecadar fundos destinados a tratamentos experimentais na Alemanha, que não são oferecidos pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.
Até o momento, foram reunidas mais de 141 mil libras, aproximadamente R$ 1 milhão.
Ele planeja se submeter a dois tratamentos promissores em estudos clínicos iniciais. O primeiro é o Tumour Treating Fields, que utiliza um dispositivo parecido com um boné, conectado a uma bateria, usado cerca de 18 horas por dia para impedir a divisão das células cancerígenas.
O segundo é a Terapia de Vacina com Células Dendríticas, que estimula o sistema imunológico a atacar as células tumorais.
“Estou fazendo tudo o que posso para aumentar minhas chances de sobrevivência a longo prazo. Estou cuidando da dieta, correndo e treinando. Temos que continuar firmes. Faço o possível para estar perto da expectativa de sobrevida, pois não suporto a ideia de que esse seja o tempo que me resta”, afirmou Elliot.
Ele observa que os médicos ficam surpresos com sua energia. “Se não fossem as minhas anotações, não acreditariam que eu tenho um glioblastoma. Sinto que faço um bom trabalho mantendo uma atitude positiva e enfrentando tudo com gentileza”, concluiu.