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segunda-feira, 01/12/2025

Homem com transtornos mentais morto por leoa após invadir jaula em presídio

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Em Brasília

O diretor da Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, Edmilson Alves, conhecido como “Selva”, expressou pesar pela morte de Gerson de Melo Machado, apelidado de Vaqueirinho, mas afirmou que já havia sinalizado os problemas mentais do rapaz antes de ele entrar na jaula de uma leoa e ser fatalmente atacado. Ele classificou o episódio como uma “tragédia anunciada”.

O caso ocorreu em João Pessoa, estado da Paraíba, no domingo, 30 de novembro. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o diretor aparece junto ao chefe de disciplina do presídio, Yves, que destacou que Vaqueirinho não recebia o acompanhamento necessário e que sua mente funcionava como a de uma criança de cinco anos.

“Ele precisava de atenção extra, pois seu comportamento era condicionado a trocas, como bombons, para evitar rebeliões. Era possível lidar com ele, mas necessitava de cuidados especiais”, acrescentou o chefe de disciplina.

Em outro vídeo, Edmilson explicou que Vaqueirinho possuía problemas mentais diagnosticados, passava por medicação no presídio, e enfrentava surtos frequentes, incluindo automutilação.

Vaqueirinho foi internado diversas vezes e, segundo o diretor, a família não desejava assumir sua guarda, incluindo avó e pai.

O incidente

Gerson de Melo Machado, de 19 anos, com histórico de 16 passagens policiais por pequenos furtos e danos, morreu ao entrar na jaula de uma leoa no zoológico em João Pessoa. Ele tinha sonhos repetidos de viajar para a África para cuidar de leões.

Edmilson enfatizou que não romantiza a situação, mas ressalta a importância de refletir sobre o caso de uma pessoa com transtornos mentais.

A prefeitura informou que o jovem escalou uma parede de seis metros, passou por grades de segurança e entrou na área da leoa. Já foi iniciada uma apuração sobre o acidente, e o zoológico confirmou que mantém as normas de segurança adequadas.

História de abandono e dificuldades

A morte de Vaqueirinho evidenciou uma vida marcada pelo abandono, pobreza severa e transtornos mentais não tratados. A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que o acompanhou por oito anos, descreve a situação como devastadora.

Vaqueirinho cresceu sem suporte familiar, filho de uma mãe com esquizofrenia e com avós também com problemas mentais, vivendo em condições precárias. Encontrado em uma rodovia ainda criança, ele entrou na rede de proteção da infância.

Sua mãe perdeu a guarda há anos, mas ele continuava buscando contato com ela, apesar da mãe frequentemente tentar entregá-lo ao conselho tutelar, incapaz de cuidar dele devido à própria condição mental.

Sonho de domar leões

Desde jovem, Vaqueirinho repetia o desejo de viajar à África para cuidar dos leões, sonho que mencionava frequentemente.

Em um episódio grave, tentou entrar clandestinamente em um avião para realizar esse desejo, ação que felizmente foi impedida graças à vigilância do aeroporto.

Verônica lamenta que sua história termine de forma trágica, destacando que ele não tinha discernimento suficiente para entender os perigos e a realidade da situação, simbolizada pela leoa que não poderia ser domada como ele imaginava.

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