Matheus Milanez, advogado do general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), Augusto Heleno, afirmou nesta sexta-feira (5/9) que o general não estimulou militares a promover um golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo o defensor, Heleno não está envolvido na suposta trama golpista que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Em nenhum momento o general teve conhecimento de qualquer plano, se é que algum existiu. Ele não teve acesso ou envolvimento com qualquer minuta relacionada ao golpe”, garantiu Milanez em entrevista ao programa Acorda Metrópoles.
O advogado destacou que o Ministério Público tenta relacionar Heleno como um possível “articulador jurídico” do suposto golpe, mas não há evidências que sustentem essa alegação.
Milanez recordou ainda que testemunhas de acusação, como o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e o brigadeiro Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, negaram que Heleno tenha participado de reuniões em que foram discutidos planos golpistas.
“Com a reputação que ele possui nas Forças Armadas, como um exemplo de honra e modelo, será que o general Heleno não teria falado com nenhum militar? Ele tem grande influência e poder dissuasório dentro das Forças Armadas, mas não se encontrou qualquer indício de sua participação nas ações”, questionou o defensor.
Além disso, Milanez ressaltou que o ex-ministro não tinha conhecimento de tentativas para reverter o resultado das eleições de 2022 que deram a vitória ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Para nós, essa suposta trama golpista simplesmente não existiu. E mesmo se algo tivesse ocorrido, o general Heleno não participou”, enfatizou o advogado.
Defesa busca afastar ligação entre Heleno e Bolsonaro
Durante julgamento na Primeira Turma do STF, na quarta-feira (3/9), o advogado tentou separar a imagem de Heleno da do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na sustentação oral, Milanez contestou a acusação da Procuradoria-Geral da República de que Heleno teria politizado o GSI em sua gestão. Ele citou testemunhos que confirmam que o general teve contato com Bolsonaro, mas negam interferência do ex-presidente na atuação do gabinete.
O defensor reiterou que nenhum militar foi pressionado ou procurado por Heleno, ressaltando a ausência de provas tanto da defesa quanto do Ministério Público.
Ele ainda argumentou que a aproximação de Bolsonaro com o chamado “centrão” resultou em um afastamento da alta cúpula militar, confirmando que não houve uma ligação próxima entre Heleno e Bolsonaro nesse período.
Milanez também criticou o ministro Alexandre de Moraes por assumir um papel investigativo no processo, alegando que a conduta do magistrado ultrapassou os limites do julgamento durante as audiências de testemunhas.
Por fim, o advogado mostrou que, durante os interrogatórios, o ministro Moraes fez muito mais perguntas que o procurador-geral da República, sugerindo um tratamento diferenciado na condução do processo.
Segunda sessão do julgamento
O julgamento da ação penal envolvendo Jair Bolsonaro e outros sete réus segue no STF, com debates intensos sobre as acusações relacionadas à suposta tentativa de golpe.