Após o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, o grupo palestino está buscando restabelecer seu controle sobre a Faixa de Gaza. Combatentes dessa organização extremista entraram em conflito com grupos armados adversários em várias áreas do território, e execuções realizadas em público foram gravadas e distribuídas nas redes sociais.
Essa luta pelo poder tem causado divisão entre os moradores sobre a restauração de algum tipo de autoridade na região, que passou dois anos em meio ao caos do conflito e ainda sofre com o lento processo de devolução dos corpos de reféns e civis.
Depois que o Exército israelense se retirou, o Hamas declarou uma operação para retomar as áreas antes controladas, justificando a ação como necessária para assegurar a ordem e restabelecer a lei.
No comando do enclave desde 2007, o movimento anunciou a mobilização de 7 mil combatentes. Membros das Brigadas Izzedine al-Qassam, seu braço armado, estiveram presentes controlando a multidão durante a entrega dos reféns, enquanto a polícia local voltou a patrulhar as ruas das cidades, com agentes usando máscaras negras e armados.
Confrontos recentes
Segundo as forças de segurança de Gaza, a recém-criada unidade do Hamas chamada Força de Dissuasão está realizando operações para garantir a segurança e a estabilidade na região. Desde o início da operação, ocorreram confrontos entre o Hamas e outras facções palestinas.
Na terça-feira (14/10), um combate foi registrado no distrito de Shejaiya, ao leste da Cidade de Gaza — o mesmo local onde soldados israelenses afirmaram ter aberto fogo após homens armados se aproximarem da área de segurança para a qual as tropas recuaram.
Não está claro se as ações do Exército, que ainda controla 53% do território palestino, indicam apoio a alguma das facções envolvidas. Fontes palestinas informam que pelo menos quatro pessoas perderam a vida.
Os confrontos vêm se repetindo nos últimos dias. No fim de semana, membros do Hamas e do clã Dughmush, uma influente família, entraram em um violento confronto que resultou em mais de 20 mortos.
Vídeos gravados na maior cidade do enclave e divulgados por veículos oficiais do Hamas e redes sociais mostram execuções públicas feitas por homens encapuzados diante de muitas testemunhas. A emissora al-Aqsa informou que as vítimas dessas execuções seriam criminosos e suspeitos de espionagem para Israel.