Na noite anterior, perto do encerramento do prazo estipulado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a entrega dos corpos dos reféns israelenses, o Hamas entregou um caixão a Israel. Contudo, o Instituto Médico Legal em Tel Aviv confirmou na manhã desta terça-feira (28/10) que o caixão continha os restos mortais de um refém já anteriormente entregue, não de um dos 13 reféns restantes.
Israel considera esta ação uma séria violação do cessar-fogo acordado com o Hamas. Em resposta, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocará uma reunião emergencial para decidir quais medidas o país tomará contra o grupo palestino.
Apesar do cessar-fogo em vigor, a questão da devolução dos corpos dos reféns permanece sem solução, assim como a formação do comitê responsável pela administração da Faixa de Gaza após o conflito.
O Hamas argumenta que não consegue localizar todos os corpos devido à falta de equipamentos e às condições devastadas da Faixa de Gaza, uma versão contestada por Israel. As autoridades israelenses acreditam que o grupo busca ganhar tempo para evitar o avanço para a segunda fase do acordo, que prevê a desmilitarização da região.
Os Estados Unidos alertam que decisões relacionadas à ajuda humanitária para a Faixa de Gaza podem ameaçar o acordo de cessar-fogo e os planos de Donald Trump. Assim, Israel estuda a possibilidade de ampliar o controle militar sobre áreas de Gaza, avançando a chamada Linha Amarela, com o exército já dominando 53% do território.
Altos oficiais israelenses demonstram preocupação, reconhecendo que pressões contra o Hamas dependem de decisões dos EUA. Essa limitação permitiria que o Hamas prolongasse o prazo para a devolução dos corpos dos reféns.
Enquanto isso, familiares dos reféns mudaram sua estratégia: de pedir a libertação dos vivos para exigir a devolução dos corpos. O Fórum dos Familiares dos Reféns pediu a suspensão do acordo atual até que todos os corpos sejam devolvidos, solicitando que Israel, os Estados Unidos e os mediadores prossigam apenas quando o Hamas cumprir suas obrigações.
Fontes de segurança israelenses indicam que os EUA desejam avançar para a próxima etapa do plano, mesmo sem a devolução total dos corpos, o que contrasta com a posição de Israel.
Internamente, o governo de Benjamin Netanyahu enfrenta desgaste, e a pressão popular para garantir a devolução dos corpos dos reféns é intensa, limitando suas ações e sua capacidade de contestar as decisões americanas.
Formação de comitê palestino para administração pós-guerra
Principais grupos palestinos, incluindo o Hamas, anunciaram a formação de um comitê independente composto por tecnocratas para administrar a Faixa de Gaza após o conflito. O acordo foi firmado durante reunião no Cairo, prevendo a cooperação com países árabes e organizações internacionais para gerir serviços básicos.
O Hamas, porém, busca evitar a desmilitarização da Faixa de Gaza, condição exigida por Israel e por Donald Trump. Segundo o negociador do Hamas, Khalil Al-Hayya, as armas do grupo estão ligadas à presença da ocupação. Ele afirma que, se a ocupação cessar, as armas serão entregues ao Estado palestino, mas não esclarece a questão da coexistência com Israel.
Retorno à normalidade no sul de Israel
Israel encerrou a situação de emergência no sul do país, vigente desde os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. A decisão do ministro da Defesa, Israel Katz, foi baseada em recomendações militares e reflete a melhora da segurança regional.
Essa decisão permite que o Comando da Frente Interna reduza ou elimine restrições à população civil que estavam em vigor. Moradores do Kibutz Be’eri, próximo à Faixa de Gaza e alvo dos ataques do Hamas, receberam garantias de que a presença militar permanecerá na região para assegurar a segurança.
