JOÃO GABRIEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a necessidade de renovar os bancos multilaterais de desenvolvimento para ampliar o financiamento ambiental e ressaltou a criação de um mercado internacional de créditos de carbono.
Esses temas foram parte do discurso de abertura da reunião preparatória da COP30, a conferência climática da ONU, realizada em Brasília nesta segunda-feira (13).
A conferência principal ocorrerá em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro deste ano. Haddad lidera o Círculo de Ministros da Fazenda, grupo que apoia a conferência e elaborou um relatório com propostas a serem apresentadas no encontro anual do Banco Mundial, nos EUA.
Nas últimas negociações ambientais, o progresso foi dificultado pela falta de compromisso dos países ricos em financiar ações climáticas em países com economias menores.
Haddad explicou que o relatório do círculo sugere cinco formas de aumentar esse financiamento, incluindo a modernização dos bancos multilaterais para torná-los mais eficientes, integrados e habilitados a atrair capital privado.
Outras propostas incluem aumentar os investimentos a taxas reduzidas e dos fundos climáticos, fortalecer capacidades nacionais e plataformas, incentivar inovações financeiras e mobilizar o setor privado, além de melhorar as regras para o financiamento climático.
Adicionalmente, o ministro mencionou três iniciativas importantes: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), projeto brasileiro estruturado como um fundo de investimento comum onde investidores recebem lucros com rendimento normal, e uma parte é revertida para países com florestas tropicais que cumpram critérios ambientais.
Até o momento, o Brasil é o único a investir no fundo, mas espera-se que outros países confirmem apoio durante a COP30. Haddad também ressaltou a importância da integração e alinhamento dos mercados regulados de carbono.
Ele disse que essas ações mostram a abordagem do Círculo: cooperação, inovação e escala para alcançar metas concretas.
O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), apoiou os biocombustíveis brasileiros e a tentativa de acabar com o desmatamento ilegal, temas que frequentemente causam divergência nas negociações climáticas.
Alckmin elogiou o programa Mover e a Lei do Combustível do Futuro, que promovem a redução da emissão no transporte e estimulam o uso de etanol, biodiesel e combustíveis sustentáveis para aviação.
Ele afirmou que o Brasil reafirma seu papel como líder em bioenergia e inovação climática, destacando resultados práticos, legislação atualizada e governança coordenada.
Embora os biocombustíveis enfrentem barreiras no mercado europeu, Alckmin reforçou investimentos do Fundo Clima para reflorestamento e proteção das florestas.
O objetivo é alcançar desmatamento ilegal zero até 2030.
A redução do desmatamento é uma prioridade da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Desde o início do governo atual, a taxa de destruição da floresta no Brasil caiu 36%.
Marina Silva defende eliminar todo desmatamento, inclusive o permitido por lei, e que a agropecuária cresça por meio da recuperação de áreas degradadas.
Já o agronegócio apoia apenas reduzir o desmatamento ilegal, mantendo a expansão das áreas produtivas.