O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta segunda-feira, 22, que a troca na liderança do Banco Central em 2024 foi um período complicado. Ele explicou que problemas na relação entre sua pasta e o Banco Central no ano passado influenciaram na elevação dos juros de curto e longo prazo no mercado.
Segundo Haddad, essa é uma história complexa que provavelmente só poderá ser detalhada com o tempo, principalmente por conta do que ocorreu no Brasil no ano passado entre a Fazenda e o Banco Central. Ele falou isso durante um evento no BTG Pactual, em São Paulo, ao ser questionado sobre os níveis de juros.
O então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nomeado no governo Jair Bolsonaro, passou o cargo em 2024 para Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula criticou desde o início o mandato de Campos Neto, acusando-o de manter juros altos para prejudicar a economia.
Galípolo, que foi secretário-executivo da Fazenda no começo da gestão de Haddad, sempre elogiou a transição, chamando Campos Neto de “muito generoso” nesse processo. Em dezembro, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2024, Galípolo já conduziu os trabalhos como chefe do Banco Central.
Apesar disso, Haddad afirmou que a transição no Banco Central foi muito difícil para ele. Ele mencionou que enfrentou duas transições: uma em 2022, quando não havia presidente no BC nem ministro da Fazenda para fazer a passagem, e outra em 2024, que também foi complicada.
O ministro explicou que vários fatores ajudam a manter os juros altos no país, embora a questão fiscal seja importante nesse cenário. Ele também afirmou que a expectativa é que as taxas de juros comecem a cair de maneira consistente e sustentável, o que ajudaria a melhorar as contas públicas em termos nominais.
Haddad destacou: “Com os indicadores de inflação que estamos vendo, com o dólar na posição atual e os eventos em andamento, acredito que as condições vão melhorar bastante a partir do próximo ano. E acredito que essa melhora será sustentável, desde que a Fazenda continue seu trabalho.”
